No dia 7 de setembro de 2012, parte do antigo moinho foi derrubada. A ação gerou revolta entre os moradores, que começaram uma mobilização pelo Facebook. No fim da tarde daquele dia, um grupo que reunia arquiteto, estilista, fotógrafo, empresários e moradores se reuniu para estudar alternativas contra a destruição.
A demolição da estrutura comprometida do Moinho Farinha Vigorosa de Ana Rech, autorizada judicialmente e iniciada na semana passada, motivou um pedido de esclarecimento da veradora Denise Pessôa (PT). A parlamentar questionou os cuidados para a retirada da parte danificada e o destino do maquinário, após a demolição parcial do complexo, em 7 de setembro do ano passado.
Na tarde desta terça-feira, uma reunião entre Denise, a diretora de Patrimônio Histórico do muncípio, Liliana Henrichs; o advogado Alvaro Boff e a arquiteta Diana Maria Gil, representantes do Grupo Pró-Moinho; e o historiador e delegado regional da Defender (Defesa Civil do Patrimônio Histórico), Ramon Tisott, jogou luzes sobre o Plano de Demolição.
Trata-se de um documento anexo ao processo, encomendado pela Rija Empreendimentos Imobiliários Ltda (dona do complexo) e elaborado pela Rossi Arquitetura e Urbanismo Ltda (responsável pelos trabalhos), com aprovação da prefeitura. De acordo com o documento, a torre da edificação, a parte mais afetada pela demolição de 2012, seria totalmente suprimida. Além disso, a utilização de andaimes para a remoção mais cuidadosa do maquinário, de cima para baixo, prevista no texto, não teria ocorrido. Uma escavação feita no terreno também não foi explicada.
Outro ponto questionado é a falta de um arquiteto no grupo que aprovou o plano, em desacordo com o que pregam os estudos sobre prédios em processo de tombamento. O grupo incluiu apenas Liliana, a engenheira Ana Lúcia Adami e a procuradora do município Larissa Raymundi.
- A presença de um arquiteto é fundamental nesses casos, pela importância histórica do prédio. Ficamos decepcionados, pois o prédio está em pior estado agora do que antes do início da execução do plano de demolição - completa Tisott.
A partir desse questionamento, ficou acordado que daqui para frente um profissional irá acompanhar todos os passos das futuras intervenções. Elas devem contemplar o conserto do telhado e da parede danificada nas obras da semana passada e a cobertura do maquinário.
Além disso, um representante do Grupo Pró-Moinho sempre será chamado para acompanhar qualquer movimentação, tanto no processo quanto na obra em si. Reuniões com a comunidade do bairro também estão previstas, para que a população seja informada dos trabalhos.
Entenda o caso
O prédio estava protegido por uma notificação de tombamento provisório que havia sido emitida em março de 2012. Desde aquela data, estava proibida qualquer tipo de interferência na estrutura. Esse era o primeiro passo para o tombamento definitivo.
No dia 10 de setembro de 2012, uma reunião reuniu representantes da prefeitura de Caxias e moradores de Ana Rech. O município notificou a empresa porto-alegrense proprietária do imóvel.
A Rija Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do antigo moinho, foi informada que seria multada caso efetuasse outra intervenção no prédio.
Uma audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação da Câmara de Vereadores aprovou o projeto de lei complementar que insere o moinho no setor de interesse patrimonial histórico, cultural e paisagístico do Plano Diretor do município.