A lei federal nº 12.732, em vigor desde 23 de maio, que determina que o tratamento para pacientes com câncer pelo SUS comece até 60 dias após do diagnóstico não está sendo cumprido na área da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) com relação à radioterapia. De acordo com a coordenadora Solange Sonda, a média de espera dos 162 pacientes que hoje aguardam pelo tratamento é de dois meses e meio, em média.
Para tentar reduzir a espera, a 5ª CRS está negociando a ampliação do número de radioterapias prestadas aos pacientes da Serra no Hospital Bruno Born, em Lajeado. Na última segunda-feira, dia 15 de julho, a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Solange Sonda, enviou documento ao colega José Harry Saraiva Dias, da 16ª CRS, pedindo informações.
Na prática, a 16ª CRS cederia vagas do serviço que não estaria usando para atender aos pacientes da Serra. Há pelo menos quatro meses, conforme Solange, o Estado firmou um convênio com o Bruno Born para suprir a demanda que hoje não consegue ser atendida pelo Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, referência para 48 cidades da região e que destina 75% de sua capacidade de atendimento para o SUS.
O titular da 16ª CRS disse que é praticamente certo o acordo e que até o final deste mês a instituição de saúde poderá passar a receber novos pacientes.
Consultado pelo Pioneiro, o médico radiologista Aroldo Braga Filho, responsável pelo serviço de radioterapia em Lajeado, confirmou que o Hospital Bruno Born tem, sim, interesse em atender mais pacientes da Serra. Braga disse que a instituição vai ampliar a jornada de trabalho a partir de agosto, com vistas a atender a demanda reprimida. A ideia é estender o atendimento até as 20h.
Se tudo der certo, casos como o de Claudio Antônio Spigolan, que precisou esperar 122 dias para iniciar a radioterapia, devem ser exceção. O microempresário de 47 anos concluiu no dia 21 de maio as sessões diárias no Hospital Bruno Horn. A espera que quatro meses prejudicou o tratamento, uma vez que o tumor cresceu cerca de 30%.
- Quando o médico deu o diagnóstico, me disse que o ideal era começar a quimioterapia e a radioterapia simultaneamente. No início, fiquei aguardando uma vaga no Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves. Disseram que levava entre 40 e 45 dias para marcar. Mas esperei quase 80 dias e não consegui um lugar. Depois, transferiram o meu atendimento para Lajeado. Aí, foram mais 40 dias de angústia - recorda Spigolan.
Na última sexta-feira, dia 19, após quase dois meses de concluída a radioterapia, Spigolan foi submetido a uma cirurgia de cinco horas no Hospital Pompéia para a retirada do tumor. A mulher dele, Elizete, estava confiante na recuperação do marido, depois de um longo período de sofrimento e espera.
Confira mais detalhes na edição do Pioneiro desta sexta-feira.
Saúde pública
Demora por radioterapia na Serra chega a dois meses e meio
Acordo da 5ª CRS com hospital de Lajeado poderá reduzir fila de espera e tornar menos sofrido o tratamento de pacientes com câncer
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