Com a retirada do Cadastro Único dos bairros, população agora precisa buscar atendimento no Centro de Caxias do Sul

A centralização do Cadastro Único na sede da Fundação de Assistência Social (FAS), em Caxias do Sul, causou surpresa. Afinal, a expansão do serviço para os bairros era uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) e uma reivindicação das conferências municipais de assistência social.

Em tese, a medida serviria para facilitar o acesso da população a benefícios como o Bolsa Família. O Cadastro Único atendeu nos bairros até o início deste mês, por meio dos Centros de Referência em Assistência Social (Cras). O registro voltou a ser concentrado na sede da FAS, no Centro.

Agora, as famílias novamente precisam se deslocar de bairros distantes para informar ou atualizar dados para ter direito a benefícios do governo federal. A presidente da FAS, Marlês Andreazza, justifica a centralização como necessária. Segundo ela, o fato de a população procurar os Cras para um trâmite considerado burocrático tirava tempo dos assistentes sociais.

Com a alteração, sobrará mais servidores para acompanhar as famílias e realizar a busca ativa dos excluídos de programas sociais na periferia. Marlês também garante a aquisição de uma unidade móvel para percorrer os bairros. O serviço apoiaria os Cras para encontrar famílias que não buscam a assistência social. O veículo será adquirido por meio de licitação e deve estar nas ruas até agosto.

- Toda mudança pode gerar desconforto, mas não estamos tirando um serviço e sim fortalecendo. Lembrando que os Cras podem ofertar passagens de ônibus para quem não tem condições de ir ao Centro ou organizar uma visita nas moradias - conclui Marlês.

Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), Daiana Maria Batista confirma que a expansão do Cadastro Único foi deliberada para atender diretrizes da política nacional.

Desde então, a nova mudança vem sendo discutida nas assembleias com argumentos contrários e favoráveis. Mas Daiana tem ressalvas: o conselho defende a descentralização desde que os Cras ofereçam estrutura.

- Só estar no território não adianta. É necessário instrumentar as equipes, ter uma sala que garanta sigilo, afinal, as pessoas informam dados pessoais - elenca.