Árvores derrubadas para construção da barragem do Marrecas estão sendo furtadas em Caxias do Sul

As centenas de araucárias derrubadas para a construção da barragem do Marrecas estão na mira de ladrões em Caxias do Sul. A constatação é do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae).

Por esse motivo, a direção da autarquia determinou a recontagem dos troncos depositados no entorno da represa, em Vila Seca. Além disso, as araucárias também apodrecem ao relento. Nas pilhas espalhadas no caminho para a barragem e às margens da estrada que leva ao distrito de Criúva, a reportagem constatou a madeira se deteriorando.

Nas últimas semanas, o diretor-presidente da autarquia, Edio Elói Frizzo, determinou a abertura de valetas na entrada dos terrenos onde estão as árvores para evitar a entrada de caminhões. A única vigilância é realizada pelos guardas que também são responsáveis pela obras da barragem.

- Recebemos denúncias de que dois caminhões foram vistos carregando madeira em um sábado à tarde. A vigilância não viu esses veículos. Por conta disso, suspeitamos que a metragem atual pode ser menor - admite Frizzo.

Na prática, nem o Samae não sabe quanta madeira está armazenada na área de preservação permanente (APP). Dados do último edital apontam 3,2 mil metros cúbicos de toras, mas não há informação exata de quanta árvore veio abaixo na construção da represa.

É bem provável que o volume estocado tenha diminuído consideravelmente por conta dos furtos. As árvores já deveriam ter sido vendidas, mas nenhuma empresa se dispôs a pagar o que a autarquia pede. Em média, as madeireiras oferecem 240% a menos do valor estabelecido no último edital aberto em janeiro deste ano.

O corte da vegetação teve início no final de 2010, porém, foi interrompido em março de 2011, depois que ONGs questionaram na Justiça supostas irregularidades no desmatamento. Em janeiro de 2012, a supressão foi liberada, mas voltou a ser embargada em maio, sendo finalmente autorizada em junho daquele ano.