Eles não escondem a felicidade de estar participando do maior evento para pessoas com perda auditiva na sua cidade natal. A alegria pulsa pelas mãos e o sorriso reflete no olhar. Os irmãos Tainá Borges, 20 anos, e Andrei Borges, 27, são os comunicadores oficias das Surdolimpíadas em Caxias do Sul.
Na comunicação, a dupla é medalha de ouro. Eles estão ligados em todos os passos das provas, com comentários pela internet e na Deaflympics TV. Seja em Libras ou Sinais Internacionais, eles abastecem as redes com muitas informações, entrevistas e bastidores direto dos locais de provas. Andrei classifica a oportunidade de trabalhar em uma Surdolimpíada como maravilhosa.
— Nunca trabalhei como comentarista. Quando acompanhava o Sportv, o meu pai sempre traduzia para mim. Na Surdolimpíada tem várias modalidades. É um desafio para nós. Os surdos ficam felizes em ver a representatividade. O surdo é capaz também. É um legado que fica — declarou Andrei.
Tainá afirma estar realizada com esse grande momento que Caxias do Sul está vivendo. O contato com outras culturas, dos mais diferentes países, é ressaltado pela jovem:
— Está sendo incrível, é uma experiência única, pois conheci muitas culturas diferentes e fiz vários amigos. Vamos em muitos lugares para filmar e entrevistar alguns atletas perguntando do jogo, da conquista.
Sobre a importância deste momento, Borges avalia que Caxias do Sul entra para a história. Em 98 anos dos Jogos, é a primeira vez que a América Latina recebe a competição. Para o comunicador, é um reconhecimento da comunidade surda.
— Nunca imaginei que esse momento ia chegar. Serve também para as empresas perceberem isso. Está no jornal todos os dias, as pessoas não vão esquecer. É um marco para nossa comunidade — disse Andrei Borges.
Em meio aos Jogos, Tainá também pede mais reconhecimento. Para ela, a Língua Brasileira de Sinais, Libras, deveria ser mais valorizada.
— Gostaria que tivesse mais reconhecimento e valorização da Língua de Sinais. A Surdolimpíada é importante para a comunidade surda, e ainda mais para Caxias do Sul, pois acredito que é uma cidade que pode ter um desenvolvimento muito bom no futuro, mais turismo, mais acessibilidade, mais visibilidade da Língua de Sinais — completou Tainá.
O QUE OS ATLETAS FALAM SOBRE CAXIAS
A Serra recebe mais 4 mil participantes de 77 países para esta edição das Surdolimpíadas. São competidores das mais diversas culturas e de todos os continentes. Andrei e Tainá têm contato direto com os atletas do exterior. Ele revela o que os participantes relatam sobre os Jogos e a cidade.
— Muitos países estão dando os parabéns pela ideia do Centro Olímpico nos Pavilhões. Tem tudo no seu lugar, restaurante, central de intérpretes e audiometria. Ali ficou tudo num lugar só. Nos outros países era separado. Falaram que a comida estava boa, o atendimento dos brasileiros, povo simpático, se sentiram bem aqui. Todos falaram que estão amando o Brasil, até a cultura do nosso chimarrão — descreve Andrei.
Tainá também comenta que os surdoatletas de outros países estão gostando da estadia no Brasil. As ponderações são construtivas. Muitos estão conhecendo o país pela primeira vez, assim como a própria Surdolimpíada.
— Eles estão amando, pois tem alguns atletas que nunca estiveram numa Surdolímpiadas. Eu recebi bastante críticas positivas, comidas boas e também nos falaram muito que os brasileiros sempre trataram bem eles — revela.
Os irmãos também possuem um canal no youtube. Influencers, a dupla conta com mais de 200 mil inscritos no youtube. No instagram são mais de 40 mil seguidores.
— Eu e a minha irmã temos esse canal há mais de quatro anos com objetivo de incentivar as pessoas a ter um mundo melhor. Para ver que o mundo do surdo pode estar dentro da comunidade em geral. Queremos também incentivar outras pessoas, como pais e mães que não sabem sinais. Está diminuindo muito o preconceito e o medo de se comunicar conosco. Estamos servindo de uma ponte par isso — finaliza Andrei Borges.