Evento obrigatório para a organização da 24ª edição das Surdolimpíadas de Verão, que acontecerá de 1° a 15 de maio em Caxias do Sul, o Congresso Técnico da competição internacional está sendo realizado neste final de semana na cidade. Participam 40 delegados de 23 países, entre Estados Unidos, Argentina, Malásia, Japão e Coreia do Sul, que chegaram a Caxias entre quarta (12) e sexta-feira (14). O encontro segue até segunda-feira (17), na Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Em entrevista na manhã deste sábado (15) ao programa Gaúcha Hoje, da rádio Gaúcha Serra, o CEO do Comitê Organizador da Surdolimpíadas, Richard Ewald, destacou que o número de visitantes para o Congresso Técnico é menor que o previsto, já que alguns delegados cancelaram a visita justamente pelo cenário de avanço da covid-19 no Brasil e em outros países.
Ele também destacou a importância desse evento para a organização da competição.
— Temos que cumprir essa etapa dentro do protocolo olímpico e é uma oportunidade para a cidade começar a ter contato com as muitas nações que virão para cá. Impacta na hotelaria, transporte e no comércio — destacou.
O CEO afirmou também que, apesar do cenário incerto da pandemia, os organizadores trabalham para realizar o evento em maio deste ano e para que possam receber as delegações que virão a Caxias. Estima-se que sete mil atletas participem da competição.
Para isso, protocolos sanitários serão exigidos, principalmente na chegada dos atletas e dirigentes, com a verificação da vacinação contra o coronavírus e também testagem. Ele lembrou ainda que os Jogos Olímpicos de Inverno, que ocorrerão no mês que vem, na China, está confirmado, mas com a adoção de medidas sanitárias.
— Não há plano B, não vamos transferir, cancelar (a Surdolimpíadas), a menos que haja um estouro absurdo.
Ewald falou ainda sobre o principal desafio nesse momento e que deve se repetir durante a realização da competição.
— A comunidade surda se comunica pela língua de sinais, mas estamos falando de sinais internacionais, que são diferentes dos sinais brasileiro. Tudo isso é um desafio muito grande para que façamos um trabalho bastante completo.
Segundo ele, cerca de 800 voluntários serão treinados para melhor atender e se comunicar com os atletas. Os treinamentos estão sendo oferecidos pela UCS. O comércio e estudantes da rede pública também participarão de atividades de integração.
— Nós, ouvintes, precisamos entender como nos comunicarmos melhor com eles e integrá-los, nas escolas, nos locais de trabalho, recreação, para que eles tenham uma vida tão boa como a nossa — afirmou Edwald.
Surdolimpíadas e Jogos Paralímpicos
Uma dúvida recorrente é sobre a realização de uma competição específica para a comunidade surda, como é o caso das Surdolimpíadas, enquanto há também a organização dos Jogos Paralímpicos, que ocorre a cada quatro anos.
— O entendimento é que o esporte paralímpico é adaptado para pessoas com alguma limitação, pessoas que têm por alguma razão de nascença ou por acidente, acabam tendo limitações. O surdo não tem limitações e não é entendido como deficiente. Ele é uma pessoa normal, com todas as capacidades motoras e cognitivas, apenas tem uma língua de comunicação diferente.
Programação do Congresso Técnico
Neste sábado, no primeiro dia do Congresso Técnico, a programação foi de plenárias, discussões e apresentação do livro manual dos jogos em Caxias do Sul, que serve como referência para as delegações. Diana Kyosen, presidente da Confederação Brasileira de Esportes para Surdos (CBDS), fez a abertura do evento, juntamente com o secretário municipal de Esporte e Lazer, Gabriel Citton, que representou o prefeito Adiló Didomenico.
No domingo (16), os participantes do congresso farão visitas às instalações dos jogos, como locais de competição, treinos e a sede central da organização, que será nos Pavilhões da Festa da Uva. No mesmo dia, os delegados internacionais terão contato com a cultura local, onde visitarão pontos turísticos de Caxias do Sul e terão refeições típicas do Estado e da região da Serra.
Por fim, na segunda-feira (17) pela manhã, acontecem as plenárias finais e o encerramento do evento, com a manifestação do caxiense Gustavo Perazzolo, atual presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos.
O sorteio das chaves de esportes coletivos tradicionais, como futebol, basquete e handebol, está previsto para ser realizado em março, de forma online, com a participação de todas delegações que competirão na Surdolimpíadas.
Ouça a entrevista de Richard Ewald ao programa Gaúcha Hoje: