A Federação Gaúcha de Futebol (FGF), através do diretor médico Ivan Pacheco, conversou com os médicos dos 12 clubes da primeira divisão do futebol gaúcho no final de semana e montou um projeto de protocolo para retorno dos treinos nos clubes. Agora, esse documento será apresentado ao governador Eduardo Leite nesta terça-feira (5).
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O Caxias participou da videoconferência e foi representado com os médicos Rafael Lessa e Jeferson Mezzomo. Após ouvir as recomendações, o clube monta o seu plano e aguarda a liberação dos órgãos responsáveis para colocar em prática as restrições estabelecidas.
O objetivo desse protocolo elaborado pela FGF é a diminuição dos riscos da contaminação pela covid-19. As deliberações irão respeitar a orientação dos departamentos médicos de cada clube, com suas particularidades de estrutura física. A intenção de sugerir essas medidas protetivas é auxiliar na retomada das atividades de treinamento, e posteriormente competições de forma segura, após a devida liberação pelas autoridades governamentais.
— Existe uma preocupação do Ivan Pacheco, da FGF, de fazer algo uniforme e proteja os clubes. Vamos respeitar o protocolo unificado da Federação. O Caxias não volta sem autorização Federal, Estadual e Municipal, isso é certo. Com base no protocolo da Federação, a gente vai ver o que concorda e discorda entre os médicos e vamos tomar medidas rígidas que proteja funcionários, atletas e sociedade. Não é só o jogador que está em risco, a sociedade também — disse Rafael Lessa, um dos médicos do Caxias.
Além dele e de Jeferson Mezzomo, o corpo médico do Caxias também conta com Aloir Oliveira, Aloir Oliveira Junior, Giorgio Canuto e Luciano Santos. Eles montaram um plano piloto que ainda será discutido por todos em grupo, com a direção e pensar na sua viabilidade.
— São questões rigorosas. Agora do ponto de ser difícil ou simples, vai depender do orçamento para atender. São questões rigorosas para ter uma proteção social, porque não é só do atleta. É proteção do funcionário, das famílias e das residências — afirmou Lessa, sem revelar todas as medidas antes do anúncio oficial da FGF.
Uma questão importante é como será a testagem dos profissionais no dia a dia e a quantidade. Em Caxias do Sul, o teste mais barato custa R$ 250. A FGF busca uma parceria para bancar esse custo. A entidade também sugere que a temperatura dos atletas e pessoas envolvidas com o clube seja monitorada, para quando houver presença de febre e sintomas respiratórios, esse indivíduo seja isolado de forma imediata. O clube já conta com o kit para aferir a temperatura dos profissionais.
Avaliação como especialista
Rafael Lessa é médico intensivista e está trabalhando em contato direto com pessoas infectadas pela covid-19, além de outras enfermidades. Essa realidade faz Lessa, como profissional da área da saúde e no front de enfrentamento da doença, questionar o retorno do futebol neste momento:
— Eu vejo casos aumentando, dentro das UTI's que eu trabalho, desde os sintomáticos apenas e que acabam ficando negativos. As mortes estão aumentando. Do ponto de vista pessoal e profissional, a minha pergunta é: o que seria mais importante voltar? Escola ou futebol? As escolas coerentemente estão fechadas. Enquanto tivermos a transmissão comunitária no Brasil, não seria coerente voltar com o futebol.