O Esportivo retorna à elite do Campeonato Gaúcho contando com a experiência de um clássico camisa 10. Aos 36 anos, Juninho Tardelli volta a disputar o estadual do Rio Grande do Sul após quatro temporadas. Carregando o aprendizado de uma carreira longeva, o jogador traz para sua segunda passagem pela equipe alviazul toda a vitalidade de quem não se sente nem um pouco velho para o futebol.
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— Eu me sinto muito bem. O pessoal falava que depois dos 30 anos o cara vai se sentindo mais devagar, com menos agilidade e força. Eu, graças a Deus, talvez pelo meu biotipo, não sinto essa diferença assim. Se pegar os clubes que joguei nos últimos quatro anos, vão ver que eu era quem mais corria durante os jogos — afirma Juninho.
Recentemente, o meia atuou pelo Luverdense-MT, na disputa da Série C. No time mato-grossense, a média de distância percorrida por Juninho em campo ultrapassava os 11 km por partida. A idade é só um detalhe para o 10 alviazul:
— Aqui no Brasil tem muito essa discriminação, de o cara que está acima dos 30 ser velho. Mas estou tendo muitas portas abertas . Estou um menino ainda.
A experiência adquirida tem ajudado na pré-temporada com o Esportivo. No retorno ao clube do Estádio da Montanha dos Vinhedos, Tardelli ganhou a confiança do técnico Carlos Moraes e se mostrou efetivo nos amistosos.
— É um jogador que, apesar da idade, consegue ter intensidade. Não é um atleta de força, mas acelera bastante o jogo. Então buscamos sempre ter jogadores próximos dele para que consiga fazer jogadas de combinação, que é a grande característica dele — diz o treinador do Esportivo.
Durante a preparação para o Gauchão, o time alviazul disputou oito partidas, entre amistosos e jogos-treinos. Foram cinco vitórias, um empate e duas derrotas. Foi um tempo suficiente para que a equipe se aprontasse para o Estadual e para que Tardelli pudesse entender o que esperar do Esportivo na volta ao convívio dos grandes no Rio Grande do Sul.
— Nós temos um grupo muito técnico. São atletas que estão buscando seu espaço. Uma comissão muito inteligente, um treinador que nos dá liberdade, que busca um time que ataque e que goste de ficar com a bola — avalia Juninho.
No modelo de jogo proposto por Carlos Moraes, o estilo de jogo de Juninho Tardelli é importante. O meia lamenta, no entanto, que essa característica esteja sendo extinguida no futebol atual:
— Agora estão colocando os 10 muito para o lado. Os clubes que têm um jogador que faz o time andar, que é a minha função, que é o cabeça pensante, acho que isso facilita muito para a organização do time. Para não ser um time só de velocidade e correria, ou só de balão e de força — afirma o experiente jogador, que traz no amadurecimento um ponto forte para ajudar o alviazul no Gauchão:
— A cada dias vamos vendo as formas diferentes de como o futebol está acontecendo. Hoje, o pensar antes da bola chegar, de procurar os espaços, isso conta muito. Nos clubes, têm muitos jovens. Com a nossa experiência, procuramos passar para que eles possam ser decisivos.
Tardelli traz a experiência. Entre os camisas 10 que marcaram na sua história, Zidane foi o maior que ele diz ter assistido. No Brasil, Jadson, do Corinthians, e, mesmo que com características um pouco diferente, Maicon, do Grêmio, e seu irmão Diego Tardelli. Outro nome que o meia citou foi o de Zico, porém ele nem queria que isso fosse citado.
— É melhor nem colocar, senão vão me chamar de velho — brincou Juninho.
Se sentindo um garoto e com a responsabilidade de ser o 10 do Esportivo, Juninho Tardelli começa na quinta-feira (23), contra o São José-PoA, em Porto Alegre, a caminhada rumo aos objetivos que a equipe de Bento almeja no Gauchão: se manter na elite e buscar uma das vagas nas competições nacionais em 2021. Experiência para isso, não vai faltar.