O Juventude acertou o empréstimo de uma promessa das categorias de base. O zagueiro Kelvin, 19 anos, foi negociado com o Corinthians. Ele tem contrato até agosto de 2021 com o Ju e o Timão tem até 31 de janeiro de 2020 para exercer a compra de 50%. Assim, o clube alviverde poderá ganhar uma quantia considerável, caso o jogador seja adquirido pelos paulistas.
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Kelvin chega ao Corinthians para disputar as competições do segundo semestre e a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Natural de Novo Hamburgo, mas cria da base do Juventude, o zagueiro começa um novo desafio em busca de um sonho.
— Estou muito feliz pela oportunidade que estou recebendo. Sou grato a Deus, ao Corinthians e ao Juventude. Quando me falaram, eu não acreditei. A gente trabalha para que aconteça, mas não espera que seja tão rápido. Ano passado, estava machucado e desacreditado. Agora, surge uma oportunidade dessas, não pensei duas vezes. Espero uma boa temporada aqui — afirmou o zagueiro.
Trajetória
O começo foi no Americano, equipe de Novo Hamburgo, aos seis anos de idade. O incentivador foi o professor João Valderi, que convenceu a mãe Marta Guimarães Moreira a levar o filho para jogar.
— Desde pequeno eu já chutava tudo. O professor João viu eu jogando bola no pátio de casa e fez o convite para a minha mãe me levar para o Americano — contou o zagueiro.
Aos nove anos, conheceu Luis Hans, atual empresário, que o ajuda até hoje. Dois anos depois, Kelvin recebeu uma oportunidade de viajar para França com uma Seleção, de Teotônia, que representou o Brasil. Essa experiência internacional abriu as portas para o jogadores. Grêmio e Inter demonstraram interesse. O observador Sandro Silva quase o levou para o colorado, mas a preferência foi pelo Juventude.
— Depois dessa viagem, recebi propostas do Grêmio, Inter e Juventude. Como o Ju me ofereceu uma estrutura com alojamento e refeição, acabamos decidindo ir para o Juventude — lembra o jovem jogador.
Atualmente zagueiro, Kelvin já foi lateral-esquerdo e volante. No entanto, a estatura alta e o bom passe o fizeram se destacar na função defensiva. Se antes Sandro Silva não o levou para o Inter, hoje ajudou na ida de Kelvin para o Corinthians.
Incentivadores
Além do professor João e da sua mãe Marta, o pai João Firmino Pereira Sandim, a irmã Lisiane Moreira Winck e o empresário Luis o ajudaram nesta caminhada. Kelvin também é muito grato aos amigos que incentivaram ele desde pequeno: Leonardo Haubert, Deivis Batista, Gabriel Arnold e Gabriel Zimmer.
— O João e o Leonardo sempre ficavam no meu pé para eu começar a jogar. Aí minha mãe me levou e me acompanhava. Ela trabalhava à noite. Durante o dia, sem dormir direito, ela me levava para os treinos. Os amigos próximos são irmãos e sempre me ajudaram. Se não fossem eles, também não estaria aqui. Agradeço a todas essas pessoas — disse o jogador.
Mesmo que seja grato aos amigos e ao professor, Kelvin não esconde todo o esforço que a sua mãe Marta sempre fez por ele:
—Desde pequeno pensei em ser jogador para retribuir o que ela fez por mim. Minha mãe é tudo para mim. Ela nunca desistiu de mim e sempre correu comigo. Sempre deu um jeito, fazia rifa para eu poder jogar. Eu sonho poder dar uma casa para ela.
Dificuldades
Kelvin precisou superar obstáculos para seguir com o sonho de se tornar jogador de futebol. Além da questão financeira que dificultava, o zagueiro passou por uma situação triste na família: perdeu o irmão, Marlon, que tinha 35 anos.
Não bastasse essas dificuldades, ainda na base do Juventude teve uma grave lesão de ligamento. Isso quase impediu ele de retornar aos gramados. Foram oito meses de recuperação.
— Quando o médico falou, fiquei desesperado. Quando fiz a primeira cirurgia, tava fazendo minha recuperação e tive que refazer e, por isso, a recuperação foi mais demorada. Fiquei desesperado, não sabia para onde correr. Chorei muito, mas nunca desacreditei — afirma o garoto.
No entanto, Kelvin teve o apoio de várias pessoas nesse momento e o suporte do irmão Elvio Moreira Winck que ajudou no período de recuperação pós-cirurgia.
Juventude
Kelvin chegou ao Juventude em 2013, aos 13 anos. No clube, trabalhou com vários profissionais como Lucas Zanella, Guilherme Bedin, Giordano, Lauro, Itaqui e Antônio Carlos Zago (no profissional):
— O Juventude eu só tenho a agradecer por ter aberto as portas. Tenho que agradecer muito. Quando me machuquei, eles fizeram tudo que eu precisei. Sou muito grato pelo Juventude. É um clube que aprendi a amar. Não era torcedor, mas virei.
Pela base do Ju, conquistou alguns títulos, mas o mais marcante foi o Campeonato Gaúcho Sub-14, em 2014, superando Grêmio e Inter, inclusive com uma vitória por 4 a 3 contra o time colorado no CT Morada dos Quero-Queros.
Aos 17 anos, ainda na base, Kelvin recebeu a oportunidade de treinar com os profissionais do Juventude, em 2018, time então treinado por Antônio Carlos Zago.
—No início, fiquei bem assustado, mas depois acostuma. Aprendi bastante, ainda mais com o Zago que é um grande técnico e que foi zagueiro — lembra o jogador.
Ídolos e sonhos
Kelvin é fã da mãe Marta. Todo o esforço dela em lhe ajudar neste tempo, fez o jogador adotar ela como referência na sua vida. Já no futebol, ele admira alguns jogadores da sua posição.
— O amor que eu sinto pela minha mãe é muito grande. No esporte, eu admiro o Cuesta, do Inter, Sérgio Ramos, do Real Madrid, o Gil, do Corinthians. No Juventude, gosto do Sidimar, inclusive é meu parceiro e gosto muito do futebol dele — destacou o jogador.
Como os grandes jogadores que se espelha, Kelvin tem sonhos. Objetivos claros, que podem um dia se tornar realidade, através de muito trabalho.
— Quero me preparar muito para quando aparecer oportunidade no futebol, aproveitar da melhor forma. Quero disputar grandes campeonatos como Champions League e Copa do Mundo. Nunca podemos desistir dos nosso sonhos. Sempre me dediquei. Nada é impossível para quem luta e coloca Deus em primeiro lugar — afirmou o jovem zagueiro.
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