
Carioca talhado a Gauchão. Aos 32 anos, o centroavante João Paulo vai para mais um Campeonato Gaúcho. Nem ele se lembra quando disputou pela primeira vez o estadual do Rio Grande do Sul. Agora a missão é no Caxias – seu nono clube no Estado.
— Sou do Rio de Janeiro, moro em Pilares, mas praticamente sou mais gaúcho do que carioca. Venho disputando Gauchão há muito tempo. Vou te ser bem sincero, nem sei quantos joguei. Mas na maioria deles fui muito feliz. Já estou acostumado com a peleia — diz João Paulo, que atuou pela primeira vez no Estado em 2003, quando vestiu a camisa do Brasil-Pel.
Na edição de 2017, o centroavante conquistou o campeonato com o Novo Hamburgo, quando poucos acreditavam no time do Vale dos Sinos. Ter vencido por uma equipe do interior foi um feito que marca o jogador e que motiva no desafio do Estádio Centenário:
— O último campeão vindo do interior tinha sido justamente o Caxias, em 2000. Quando cheguei no Novo Hamburgo, o Gringo, roupeiro, veio me dar as boas vindas e me falou que em cinco ou seis campeonatos eu tinha tirado o bicho dele. Queria ver a favor. Quando acabou a final, ele me disse que valeu muito a pena o esforço que tinham feito para eu ir para lá. É isso que espero aqui, que no final tudo dê certo.
Sem medo de julgamentos, João Paulo fez uma daquelas trocas que chamam a atenção no futebol. Após jogar a Série B do Brasileiro pelo Juventude, o centroavante permaneceu na cidade, mas agora, com a camisa do maior rival.
— Sou carioca, não nasci aqui. Então não tenho preferência. Sou profissional. Os torcedores do Caxias falam que eu tenho que provar aqui e os do Juventude perguntam porque eu saí. As pessoas vão falar. Hoje minha preferência é do Caxias, porque é de onde tiro o alimento da minha família. O torcedor vai agir da maneira dele e eu respeito, mas tenho que trabalhar — avalia o centroavante.
No Alfredo Jaconi, o camisa 9 marcou apenas um gol na Série B, contra o Paysandu. Na comemoração, uma sarrada no ar, fugindo da sua tradicional característica.
— Eu gosto mais de fazer gesto do sniper dando um tiro. Mas meu filho João Lucas, de seis anos, pediu aquela comemoração, porque ouve as músicas e gosta. Ele vinha me cobrando. Se ele pedir farei aqui no Caxias também, mas não vou prometer — brinca o jogador.
João Paulo quer fazer a diferença também com a camisa do Caxias. Mais experiente, maduro, mas sem perder sua característica de sempre. Carioca de Pilares, mas gaúcho na essência do futebol.