A negociação para manter o goleador Tiago Marques no Jaconi soa como um aviso para adversários, torcida e imprensa: o Juventude, que no início só queria permanecer na Série B, agora já sonha com o acesso devido à bela campanha de líder. Esse discurso mudou muito pelos seis gols do camisa 9, vice-artilheiro da competição.
O presidente Roberto Tonietto recusou a proposta de cerca de R$ 1,5 milhão do Jeju United, bateu o martelo por volta do meio-dia desta quarta-feira e depois explicou em entrevista à Rádio Gaúcha Serra e ao Pioneiro como conseguiu manter o principal destaque do time. Confira os principais trechos:
A permanência do Tiago é um aviso de que o clube passa a acreditar e sonhar com o acesso a partir de agora?
Tonietto: Queremos sonhar um pouco mais alto. Já se passaram 11 rodadas e não estamos na liderança por acaso. Temos uma campanha consistente, com o melhor ataque e a melhor defesa. O trabalho está sendo bem feito e isso nos permite sonhar mais, sim.
A proposta de cerca de R$ 1,5 milhão poderia ajudar muito o Ju a pagar folhas salariais e algumas dívidas. O que pesou na recusa?
– O Juventude realmente recebeu uma investida forte do futebol da Coreia do Sul. É o mesmo clube que levou o preparador físico Rodrigo Squinalli. As negociações andaram alguns dias, mas a direção se reuniu ao meio-dia desta quarta-feira e decidimos não aceitar. Foi um valor bastante interessante, daria para pagar umas duas folhas salariais. Só que existe a hora de fazer caixa e existe a hora de investir no futebol. Decidimos que era a hora de investir no futebol, porque o clube está estruturado e em dia com suas obrigações.
O Juventude teria condições de se manter na Série A no ano que vem em caso de acesso em 2017?
– Acredito que sim, que o clube teria condições de se manter na Série A. Mas temos um caminho muito grande ainda pela frente. Caso isso ocorra, o Juventude tem uma boa estrutura, mas claro que faltam algumas coisas para ajustar. O mais importante é saber subir e saber descer se for o caso. O fundamental é manter a estrutura e não fazer loucuras para se manter numa Série A.
O normal é o jogador fazer pressão para sair quando chega uma oferta dessas, mas não foi o caso do Tiago Marques. O quanto ele ajudou para ficar?
– Houve uma pressão muito grande do clube asiático, com muitos empresários na negociação, mas a gente tem dirigentes experientes aqui no Juventude e não é fácil tirar um atleta daqui. Quanto ao Tiago, ele entendeu que não teria visibilidade lá e que a Coreia do Sul é final de linha. Na Coreia, ele jogaria por mais um ou dois anos e teria de retomar tudo de novo depois. Ficando no Juventude, ele se mantém com visibilidade e com certeza terá chance numa Série A na próxima temporada. O Tiago jogava no Interior de São Paulo e nunca teve essa projeção que está tendo agora no Juventude. Ele enxergou isso e sabe que vão vir mais coisas boas pela frente.
O contrato dele termina em novembro e aí ele poderia sair de graça. O clube vai prorrogar para ganhar depois?
– Em um segundo momento, sim. Vamos negociar mais para a frente e ver o que é bom para os dois lados. Agora, não fizemos nada, nem aumentamos o salário. O Tiago é uma pessoa de caráter e um cara muito inteligente.
Não vender o Tiago agora significa que o Juventude terá de contar muito com a torcida até o final da Série B. Existe a possibilidade de baixar o preço do ingresso para chamar mais torcedores ao estádio?
– Preço de ingresso é um assunto delicado. Em respeito ao sócio, não vamos baixar esse valor de R$ 40. A direção está fazendo um esforço muito grande para manter os atletas, para sonhar com o acesso, e precisamos do apoio da torcida. Esperamos que o público aumente nos próximos jogos para transformar o Jaconi em um caldeirão.
Série B
"Queremos sonhar um pouco mais alto", diz presidente do Juventude após manter Tiago Marques no Jaconi
Roberto Tonietto recusou proposta de cerca de R$ 1,5 milhão do Jeju United, da Coreia do Sul
Adão Júnior
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