Definitivamente, o 0 a 0 com África do Sul, na estreia da campanha brasileira rumo à medalha de ouro no futebol masculino, foi um primeiro golpe na confiança de uma seleção que está cheia de obrigações nos Jogos do Rio. Afinal, é o único time do torneio que conta com uma superestrela (Neymar), o único que joga em casa, o único que precisa tentar exorcizar o fantasma dos 7 a 1 do Mundial, e o único que tem obrigação de ser campeão.
Ainda que nem sempre se fale abertamente, nos bastidores da seleção olímpica há a consciência que a campanha é denominada "ou ouro ou nada". Uma pressão injusta em cima de jogadores que não têm responsabilidade pelo futebol brasileiro jamais ter conquistado o primeiro lugar na história dos Jogos. Apenas Neymar esteve em uma Olimpíada, na de Londres, quando a seleção foi prata – perdendo a final para o México.
Leia mais:
Luan despista sobre interesse da Europa: "A minha cabeça está na seleção"
Gabigol não garante permanência no Santos: "Tudo é conversável"
Do empate sem gols ao 8 a 0: o que ocorreu nesta quinta na Olimpíada
Por isso, a seleção olímpica foi blindada nesta sexta-feira. O treino da tarde, no Centro de Treinamento do Corpo de Bombeiros, será apenas regenerativo e sem entrevistas. A seleção se cala para a decisão deste domingo, contra o Iraque, pela segunda rodada do Grupo A.
No QG da equipe, em Brasília, quase tudo é silêncio. Poucos torcedores apareceram após o empate da estreia. Apenas a natural tietagem com Neymar se manteve. Tayanne Cardoso comemora 15 anos de idade nesta sexta e levou um cartaz para a frente da concentração do Brasil. Nele, ela pede para conhecer o camisa 10 e tirar uma foto com ele.
– Seria a realização de um sonho – diz Tayanne, acompanhada dos irmãos Davi, 8 anos, e Jean, 14. – Somos de Brasília mesmo, mas não fomos ao jogo da seleção. Apesar do empate, acho que vamos conquistar o ouro – afirma a aniversariante.
Blindagem à parte, os jogadores sabem que o time entrará sob pressão diante do Iraque.
– Sofremos com a ansiedade no começo do jogo contra a África do Sul. Depois, nos acalmamos em campo. Sabemos que existe uma grande pressão pelo ouro, mas todos somos jogadores de clubes grandes e estamos acostumados a isso– avaliou o lateral-esquerdo Douglas Santos.
– Pelo menos houve empate no outro jogo também. Está tudo em aberto ainda. Claro que sentimos a frustração do empate na estreia, pela expectativa criada e por sabermos da necessidade de estrear com vitória. Pode ter ocorrido uma certa ansiedade pela estreia em casa – comentou o volante colorado Rodrigo Dourado.
Diante do Iraque, neste domingo, às 22h, no Mané Garrincha, o técnico Rogério Micale deverá manter a formação que estreou na Olimpíada, com Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos; Renato Augusto, Thiago Maia e Felipe Anderson; Gabriel Barbosa, Gabriel Jesus e Neymar.