Merenciano Cidade, o repórter informal do esporte amador

A trajetória de Merenciano Cidade, 72 anos, no esporte caxiense é curiosa e quase impraticável se forem observados os conceitos atuais do jornalismo. Nas décadas de 1970 e 1980, ele atuou como fotógrafo e repórter, embora sem vínculo com os veículos de comunicação. Isso tendo estudado até o quinto ano e contando com recursos próprios.

Irmão de Luiz Alberto Cidade, o Lambari, um craque do esporte amador, Merenciano não teve a mesma habilidade com a bola. Mas, paralelo ao trabalho como metalúrgico, aprendeu a fotografar e percorreu os campos da cidade, registrando equipes e lances de jogos.

Nessas andanças, conheceu o jornalista Gilberto Mendes, então responsável pelo esporte amador do Pioneiro, para o qual passou a enviar fotografias e informações sobre resultados de jogos. Nesse meio-campo, chegou a fazer o trabalho para 25 equipes ao mesmo tempo.

O deslocamento aos campos era de bicicleta. Numa oportunidade, ele teve o veículo roubado, mas um empresário lhe ofereceu outra.

Além do esporte, Merenciano enviava fotos e notas para a colunista social Margot Sauer, que tinha uma página no Pioneiro dedicada à camada da população mais pobre.

As fotos que produzia nos jogos eram também vendidas aos atletas e clubes. Mas...

- Muita gente pedia para tirar, mas depois não queria pagar. Até diziam que não sabiam que eu estava fotografando - lembra.

Num período, Merenciano, por ter amigos no Juventude, conseguiu uma carteira que permitia frequentar o estádio para fotografar as equipes de base. Mas tinha também contato com os profissionais, inclusive um em evidência no momento.

- Uma vez, tirei umas fotos do Felipão que saíram no jornal e resolvi dar para ele. Mas, desconfiado, ele não queria pegar, até que um colega disse: "Deixa de ser mão de vaca, ele está te dando as fotos, não cobrando" - conta, se divertindo.

Confira mais detalhes no Pioneiro deste final de semana.