O legado que a Copa do Mundo deixará para as cidades da serra gaúcha

Muito se fala em legado. Junto a sustentabilidade, é o termo mais utilizado pela Fifa ultimamente. Há grande preocupação sobre os impactos que uma Copa do Mundo pode causar a sua sede. No caso da Serra, as perguntas se fazem em relação a subsedes. O que de bom pode ficar de um acontecimento como um mundial? 

Um megaevento como esse recebe grandes amontes de recursos financeiros,  tanto públicos quanto da iniciativa privada, e eles não estariam disponíveis caso o país não o recebesse tal competição. Uma Copa pode se mostrar um importante elemento catalisador de melhorias para as cidades envolvidas.

- Não há momento mais propício para se buscar recursos. O Governo lança muitos editais, com os quais se pode obter recursos, o que é uma forma de busca. Mas com edital ou não, já há um grande movimento pela Copa por si só. A candidatura a subsede e a escolha movimentam a economia, dá exposição na mídia, e traz retorno turístico - diz o Secretaria do Esporte e Lazer de Caxias do Sul, Washington Stecanela Cerqueira.

O impacto de um evento de grande porte funciona de maneira similar a receber uma visita, e as mudanças que ele causa na casa do anfitrião são seu legado. Imagine que quando você está sozinho, a casa está uma bagunça. Talvez não haja grandes preocupações quanto à ordem, limpeza, facilidade de acesso aos diferentes cômodos do seu lar-doce-lar. E, de repente, existe um convidado vindo para sua cidade, digo, casa. É hora de arrumá-la.

Faxina na Serra

Caxias, Bento, Farroupilha e Gramado ainda não receberam confirmação, mas querem hospedar uma visita também. Só terão certeza se serão subsedes ou não em dezembro quando as delegações escolherem seus centros de treinamento. Até lá, elas são apenas candidatas a participar da Copa do Mundo, querendo acomodar delegações de futebol, imprensa e turistas. O secretário de Esportes de Caxias, Washington, explica a importância de ser escolhido para receber uma seleção:

- Além da movimentação na economia da região, a cidade fica reconhecida mundialmente. Sempre se fala sobre a cidade na qual um país está. Caso seja Caxias, o mundo vai saber que cidade é essa. Se cria um movimento de turistas. Aqueles que não podem vir durante a Copa vem mesmo depois.

Todas as quatro cidades têm problemas em casa, e a simples possibilidade de ser subsede é um impulso para fazer uma faxina, praticar um esforço que não fariam normalmente. O ideal é aproveitar o momento para realizar as mudanças necessárias, e que elas sejam permanentes. Trocas que facilitem a vida em casa ou na cidade, já que essa é a analogia.

O Vale dos Vinhedos, por exemplo, em Bento Gonçalves, almejando receber alguma seleção durante o mundial, resolveu fazer a sua faxina, apostando em uma das vocações da região: a produção de vinhos.

- Essa é uma grande oportunidade de incremento e, eu diria, de revolução no enoturismo da região. Por isso, é preciso pensar rapidamente em questões ligadas a infraestrutura, ao desenvolvimento de atrativos e em nossa base: o produtor - destaca o presidente da Aprovale (Associação de Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos), Juarez Valduga.

Ser escolhido como subsede é o objetivo principal das candidatas e, inclusive, das demais cidades próximas às sedes, mas é possível que isso não ocorra. Ainda assim, a Copa trará consequências à Serra. 

- Mesmo que não venha uma Seleção. Vamos receber turistas. Vão ter quatro seleções jogando em Porto Alegre. Temos que nos preparar para atender esses visitantes - diz o secretário Washington.

O diretor de marketing da Aprovale, Altemir Pessali, reforça o discurso:

- Estamos a 100km de Porto Alegre. Hoje em dia, qualquer evento que se realize na Capital respinga aqui na gente. As pessoas vem para cá conhecer. Um exemplo é a Expointer. Sempre vem muita gente para nos visitar.

O que as candidatas da Serra estão fazendo?

Caxias do Sul:

CT Estádio Centenário (Hotel Intercity) e CT Alfredo Jaconi (Hotel Samuara).