Quem me acompanha sabe que sempre defendi mais profundidade na utilização dos jogadores oriundos das categorias de base do Grêmio. Disse várias vezes, aqui na coluna e no Bate-Bola, da TVCOM: esta safra é uma das melhores cultivadas no Olímpico nos últimos anos. Não é à toa que é bicampeã brasileira sub-20.
Se o Santos consagrou os meninos da Vila, porque o Grêmio não pode ter a gurizada da Azenha?
Não tem um craque da estirpe de Ronaldinho, mas há muitos de bom nível. Alguns podem alcançar a condição de diferenciados rapidamente, como o meia-atacante Mithyuê e o zagueiro Mário Fernandes. A lista de jogadores prontos, ou muito perto disso, tem ainda Fernando, Saimon, Bergson, Maylson, os goleiros Matheus e Busatto. Sem falar em Willian Magrão, uma realidade.
Já escrevi que, se Silas fosse ousado e promovesse mais promessas das divisões de base além de Maylson, recém alçado à condição de titular, poderia montar um time para incomodar no Brasileirão. Então, é hora de elogiar o técnico do Grêmio.
Ele teve um problema grave para o Gre-Nal. Lúcio e Fábio Santos, seus dois laterais-esquerdos, estavam machucados. Apostou em Neuton, 20 anos, um dos bicampeões brasileiros sub-20 do Grêmio. Silas foi ousado.
Como foi ousado Ênio Andrade, que em 1981 lançou Paulo Roberto na lateral-direita. Aos 18 anos, a jovem revelação entrou no time contra o São Paulo e, dali em diante, o Grêmio não perdeu mais até ser campeão brasileiro pela primeira vez. Chamaram o seu Ênio de louco, mas o lúcido era ele.
Em vez de pagar salários nababescos para medalhões de desempenho insuficiente, é muito melhor apostar nas categorias de base. Desde que a safra seja boa, é claro. Ser das categorias de base e ruim não adianta nada.
No caso do Grêmio, que sofre com dificuldades financeiras e opera duas folhas, a de salários e do condomínio de credores, o aproveitamento destes jogadores pode ser a salvação. Eles são baratos, bons e renderão milhões de euros quando forem negociados.
Ontem, na acachapante vitória por 2 a 0 no Gre-Nal, o Grêmio melhorou quando Ferdinando saiu e Adílson entrou, no intervalo.
Adílson é forjado no Olímpico. Não é gênio, mas deu resposta melhor do que Ferdinando. O estreante Neuton, na ausência de Fábio Santos, não deu conta do recado com louvor, mesmo sendo zagueiro improvisado?
Se vender o grande Victor depois da Copa, existe reposição com Matheus e Busatto, dois gigantes que já trabalham com o grupo principal.
Basta ter ousadia. A ousadia que Silas teve, enfim, para vencer o Gre-Nal sem contestações e colocar a mão na taça de campeão gaúcho.
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Que a gurizada da Azenha invada o Grêmio
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