
Presente em mercados de Caxias do Sul desde que a colheita foi liberada, no dia 1º de abril, o pinhão ainda tem oferta reduzida em comparação a 2024. Revendedores que mantêm contato com as cerca de 700 famílias beneficiadas pela semente nos Campos de Cima da Serra, segundo estimativa da Emater, afirmam que 2025 "é ano de pouco pinhão”.
A produção em forma cíclica é uma das características da araucária, que, como planta nativa, apresenta variações de produtividade, em média, a cada três anos. Somada a isso, a seca no período de floração e a chuva em excesso no fim do inverno e início da primavera afetaram, principalmente, a produção em Cambará do Sul. De acordo com a Emater, o município deve colher 50 toneladas neste ano, 20% a menos do que em 2024.
Entre os seis municípios com maior produção na região, São José dos Ausentes também espera uma coleta menor em 2025. As 40 toneladas estimadas pela Emater no ano representam uma redução de 10% em relação a 2024. Por outro lado, São Francisco de Paula, o maior produtor do Estado, e Jaquirana devem retirar dos pinheiros cem toneladas cada uma, um aumento de 20% na comparação com 2024.
A Emater projeta uma produção de 860 toneladas em todo o Rio Grande do Sul. Caso se confirme, será um volume 16% menor em relação com o ano passado. Apenas na Serra cerca de 600 toneladas devem ser coletadas até julho.
Embora estejam na mesma região, estudos feitos pelos extensionistas da Emater concluíram que os municípios não tiveram condições climáticas idênticas até que o pinhão estivesse pronto para colheita. O que explica, de acordo com a engenheira florestal Adelaide Kegler Ramos, a variação de produtividade das araucárias.
— Tanto as condições de clima quanto a alternância natural não ocorrem de forma concomitante. Nesta temporada, percebemos que a qualidade está dentro da normalidade, mas verificamos menos pinhões nas pinhas e de menor tamanho.

No mercado, valor pode chegar a R$ 17,99
O preço mínimo do quilo da semente, fixado por uma portaria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em dezembro de 2024, é de R$ 4,45, mas varia conforme a modalidade de comercialização, feita na maioria das vezes informalmente.
Na Ceasa Serra, na primeira cotação do pinhão no ano, o preço do quilo foi cotado a R$ 12, em uma alta de 28% em comparação com os R$ 9,37 praticados no mesmo período do ano passado.
A venda direta ao consumidor na propriedade é estimada pela Emater entre R$ 5,50 a R$ 6,50 o quilo. No entanto, revendedores de Caxias têm encontrado preços mais altos, que podem chegar a até R$ 8. Para o consumidor final, o pinhão pode chegar com valores entre R$ 13,99 e R$ 17,99.
Comprador de hortifrutis do Sacolão Zimmerman, Luis Gauer lembra de comprar a semente no ano passado por R$ 7 e revender a, no máximo, R$ 11. Na primeira compra de 2024, o preço por pouco não dobrou em relação à temporada passada.
— Não se encontra a menos de R$ 12, achei que ia baixar na segunda compra, mas não baixou e nem vai. Me dizem que tem pouco e até o fim do inverno pode ser que tenha que comprar daqueles que vêm do Paraná — comenta.
No caminhão de Josimar Macedo Pereira, o Maro, a situação é parecida. Para trazer pinhões de Cambará do Sul, como faz há 20 anos, é preciso ficar atento também para a qualidade, já que desconfia que em algumas propriedades o pinhão possa ter sido colhido antes do permitido.
— Ele não amadureceu que chega. Tem pinhão verde no mercado de gente que colheu antes. Isso acontece desde que a liberação de venda foi adiantada. Mas, realmente, está complicado de pinhão — lamenta.
Em dezembro de 2022, a Lei nº 15.915 regulamentou a venda do pinhão no Rio Grande do Sul e determinou o dia 1º de abril como o de início da colheita, transporte, comercialização e armazenamento da semente. Antes da regulamentação, começava a ser colhido no Estado a partir do dia 15 de abril. A colheita na época era regrada por uma portaria normativa do Ibama.
Colheita estimada
- São Francisco de Paula: cem toneladas
- Muitos Capões: 110 toneladas
- Jaquirana: cem toneladas
- Cambará do Sul: 50 toneladas
- Bom Jesus: 45 toneladas
- São José dos Ausentes: 40 toneladas
- Total nesses municípios: 445 toneladas
- Em toda a Serra: 600 toneladas
- Em todo o RS: 860 toneladas