![Neimar De Cesero / Agencia RBS Neimar De Cesero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/0/9/5/2/5/7/4_e8b9f8d7e5f8900/4752590_2d86f064d7715d9.jpg?w=700)
Realizar o sonho de outras pessoas da casa própria. Usar a facilidade de se comunicar para vender. Flexibilidade na agenda. Possibilidade de comissões gordas. Os motivos para que pessoas migrem de uma profissão para a corretagem de imóveis são os mais diversos. E, em Caxias do Sul, o cenário não é diferente do registrado no Rio Grande do Sul, onde há um crescimento de 4% ao ano no número de profissionais, segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci).
O Creci aponta que, atualmente, o município tenha, aproximadamente, 1.656 mil corretores ativos, tornando-se a segunda maior delegacia do Conselho no interior do Estado, perdendo apenas para Canoas. Conforme o presidente do Creci RS, Marcio Bins Ely, Caxias acompanha os números do Estado, avaliados positivamente pelo conselho.
— Caxias do Sul é uma região que o mercado imobiliário está muito aquecido — garante Ely.
O Creci não tem um comparativo de números nos últimos 10 anos no município, entretanto, o presidente comenta que, quando assumiu, há oito anos, eram 25 mil corretores de imóveis no Rio Grande do Sul. Hoje, são 36,5 mil ativos.
— A gente sabe que a profissão enfrenta muitas dificuldades, muitas vezes por pessoas que não são corretores de imóveis que acabam atrapalhando o mercado — afirma Ely.
Para combater isso, de acordo com ele, o Creci gaúcho tem atualmente a melhor fiscalização do Brasil, que coíbe a prática ilegal da corretagem. E, paralelamente, a autarquia trabalha para que a parceria entre os profissionais prevaleça em detrimento de rivalidades.
— A gente estimula muito que a corretagem não tenha adversários e, sim, parceiros. Criamos o Departamento de Tradições Gaúchas (DTG), moto clube e também temos um grupo de 800 doadores regulares de sangue no Estado, para promover a integração entre os corretores.
Delegada do Creci de Caxias, Cristina D'Arrigo avalia que a medida funciona e que, hoje, é uma classe unida.
![Neimar De Cesero / Agencia RBS Neimar De Cesero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/8/0/5/2/5/7/4_04f9f43bbde627f/4752508_74a9332722f36d0.jpg?w=700)
— Nas plenárias, estamos sempre falando. Por exemplo, um cliente que tenha um imóvel em Santa Maria, a gente troca, pergunta se alguém poderia atender, para orientar como é o mercado naquela cidade — comenta Cristina.
Entretanto, a luta dela atualmente em Caxias é para que o município traga mais atrativos, para aquecer a construção civil, como mais fomento ao turismo. Outra questão é o preço do metro quadrado no município, que, conforme a classe, está defasado. Mesmo assim, a busca pelo Creci tem sido expressiva no município.
— A gente entrega, em média, 50 credenciais a cada um mês e meio. Procura tem. Tem muitos profissionais, como advogados, arquitetos e engenheiros que estão tirando Creci. É uma profissão que traz uma boa remuneração, só que não é com a facilidade que imaginam. Tu sendo bom naquilo que tu faz, te dedicando, dando atenção necessária, tendo conhecimento do produto e do mercado, não dá errado — diz Cristina, que já tem 10 anos de Creci.
Hoje, para quem tem interesse em tirar o registro, é necessário ter o Ensino Médio completo e fazer o curso para virar corretor. De acordo com Ely, o mínimo é cinco meses de estudos. No Rio Grande do Sul, é exigido, pelo menos, 30% de curso presencial, embora outras autarquias pelo país aceitem totalmente remoto.
Na Serra, o Creci tem seis delegacias: Bento Gonçalves, Canela, Caxias, Gramado, Guaporé e Vacaria (confira abaixo os contatos).
Curso
Na região, são três unidades que disponibilizam o curso para ser corretor de imóveis:
Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG)
Telefone: (54) 3003-1189
E-mail: cintia.pellin@fsg.edu.br
Centro Universitário Facvest
Telefone: (54) 3278-1112
E-mail: amiga_canela@amigainformatica.com.br
Colégio Mutirão Master
Telefone: (54) 2101-9797
E-mail: deise.castro@mutirao.com.br
Cursos em outras regiões podem ser consultados no site creci-rs.gov.br.
Delegacia do Creci na Serra
- Delegacia de Bento Gonçalves - 20ª Sub-Região
Endereço: Rua Saldanha Marinho, 435, sala 702 - Centro
E-mail: bentogoncalves@creci-rs.gov.br
Telefone: (54) 9912-09345 - Delegacia de Canela - 43ª Sub-Região
Endereço: Rua Paul Harris, 55, sala 14 - Centro
E-mail: jordanocolombo@casacolombo.com.br
Telefone: (54) 99812-8400 - Delegacia de Caxias do Sul - 6ª Sub-Região
Endereço: Rua Dal Canela, 2186, 9025 - 9ºAndar - Exposição
E-mail: caxiasdosul@creci-rs.gov.br
Telefone: (54) 3028-0531 - Delegacia de Gramado - 24ª Sub-Região
Endereço: Avenida das Hortências, 2040, 21 - Vila Suíça
E-mail: gramado@creci-rs.gov.br
Telefone: (54) 98111-1229 - Delegacia de Guaporé - 42ª Sub-Região
Endereço: Avenida Alberto Pasqualine, 1001, sala 2 - Centro
E-mail: althadogasa@gmail.com
Telefone: (54) 3443-2034 - Delegacia de Vacaria - 32ª Sub-Região
Endereço: Rua Julio de Castilhos, 1471 - Centro
E-mail: marcelo@marceloimoveis.rs
Telefone: (54) 3231-4280
Qual é o perfil dos corretores de imóveis em Caxias do Sul
Três décadas de profissão
![Neimar De Cesero / Agencia RBS Neimar De Cesero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/6/8/5/2/5/7/4_84fd6671a7e55f5/4752586_7232338da1d3d5f.jpg?w=700)
Cristina D'Arrigo, 58 anos, queria dar um tempo, depois de trabalhar anos em outras áreas. no Estava no administrativo de uma empresa, pediu demissão pela manhã e, à tarde, foi tomar um café com a irmã, Carla, que trabalhava em uma imobiliária. O que era para ser só uma conversa despretensiosa, virou o início de um desafio: o proprietário da imobiliária disse que Cristina levava jeito para corretagem.
O ano era 1992. Em sete meses, além de corretora, Cristina virou empreendedora, abrindo a Ello D'Arrigo. Ela conta que, nesta época, a atuação do profissional era totalmente diferente do que é hoje.
— Quando eu comecei, nós trabalhávamos com pastas. Então a gente corria o dedo nos agenciamentos, descobria onde ficava o imóvel no mapa da cidade, nós fazíamos duas, três visitas para os clientes, porque não tinha WhatsApp, o celular era caríssimo, tinha que importar fax, nós datilografávamos contrato e promissórias. Era bem punk o negócio, mas muito bacana, muito legal — relembra.
Para ela, a evolução tecnológica foi natural.
— O volume e a rapidez aumentaram muito. Com quantas pessoas se fala por dia, hoje, no WhatsApp? Na negociação atualmente, tu compartilha todo o link de um imóvel, encaminha para o cliente uma riqueza de informações, faz a simulação de financiamento, que já está ao alcance do cliente com toda a informação que ele precisa. E, em paralelo, organiza a visita. Então, é tudo muito dinâmico. Por outra parte, o cliente tem o mesmo alcance, porque quando ele vem para buscar o imóvel, ele já viu tudo e mais um pouco. Ele também é conhecedor do que ele quer e o que ele não quer — analisa Cristina.
A corretora, entretanto, ressalta que o contato virtual, muitas vezes, tornou a personalização do atendimento deficitária.
— O corretor facilita a vida dele pelo WhatsApp, mas perde o contato com o cliente presencial, que é mágico, que é muito interessante. Qual a fórmula mágica do corretor, na minha percepção? É tu conseguir identificar, realmente, a necessidade do cliente.
Negócio em família
![Neimar De Cesero / Agencia RBS Neimar De Cesero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/7/8/5/2/5/7/4_b8cd97d8386d53a/4752587_1095d4a59b13d93.jpg?w=700)
Caroline Gehlen, 28, já trabalhava em vendas, mas estava insatisfeita com os resultados. Em 2019, as vendas eram no ramo da estética e a vontade de trabalhar em outra área surgiu. Foi numa entrevista de emprego, em uma imobiliária, que ela descobriu a corretagem.
— Fiz entrevista em uma imobiliária, eu não conhecia nada, não sabia que existia o Creci, caí de paraquedas ali. A única coisa que eu tinha certeza era que queria trabalhar com vendas. No meu primeiro ano, eu fui campeã de vendas na imobiliária onde comecei — compartilha Caroline.
Foi vendo a rotina de Caroline que Vitor, 25, se interessou pela profissão. Naquele mesmo ano, ele trabalhava com móveis sob medida e tinha carga horária bem superior.
— Vitor trabalhava muito mais que eu. Ele saía de casa muito mais cedo. A gente foi começando a conversar e surgiu o interesse dele também. Conversei com os proprietários da imobiliária e o Vitor começou junto. Depois de um tempo surgiu a oportunidade de nós fazermos o nosso negócio. Nós temos hoje o escritório, mas nós não temos o Creci jurídico, nós temos o Creci físico e cada um faz as suas vendas. A nossa sociedade, digamos assim, é com as contas do escritório — fala Caroline.
O que motivou os irmãos a trabalharem sozinhos, mas juntos, era o incômodo com a agilidade no processo.
— A gente achava que tinha competência para conseguir fazer isso, então, quando saímos de lá (da imobiliária), foi justamente por isso, para poder dar um feedback, um pós-venda para o cliente, e eu acredito que a gente está conseguindo. A passos pequenos ainda, mas a gente está conseguindo dar um pós-venda melhor — analisa Vitor.
Os dois comentam que, atualmente, a maior parte das vendas é por meio de indicação. Outra parte vem das redes sociais e as tradicionais placas nas aberturas dos imóveis. Na opinião deles, é justamente o pós-venda o grande diferencial.
— Não é uma bicicleta que tu está comprando, uma calça que não serviu e vai lá trocar. Não não tem como trocar. A partir do momento em que tu compra, tu pode vender, mas até vender... Então, no pós-venda, nós somos bem chatinhos, digamos assim. Não é uma coisa que tu vai fazer toda hora, tu não vai comprar um imóvel toda hora, tem pessoas que compram um, dois, a vida inteira, então não sabem como funciona o processo — explica Caroline.
Vitor também acrescenta que, por não trabalharem com Creci jurídico - vinculados a uma imobiliária -, isso permite uma flexibilidade de imóveis. Ou seja, se o cliente tem interesse em um imóvel que não é agenciado por eles, os corretores podem ir atrás e tentar unificar o negócio.
— A gente acaba conseguindo ampliar o leque de uma maneira que talvez uma imobiliária não consiga. Às vezes, dependendo, algumas são restritas e, nós, por sermos autônomos, a gente consegue fazer uma facilidade de parcerias muito grande — complementa o corretor.
Apesar de os irmãos trabalharem juntos, a corretagem até então nunca esteve presente na família Gehlen. Nem mesmo a área de vendas. De uma família basicamente de professoras, os jovens tiveram dificuldade na hora de apresentar em casa a nova rotina de trabalho.
— A nossa família é basicamente 100% de professoras, a nossa mãe, nossa avó, nossas tias, primas, a família inteira. Ninguém trabalhava com vendas, tanto que, quando começamos, foi meio complicado na família. Só que o que a gente ganha hoje, a gente não consegue no mercado ter o salário que a gente tem hoje — destaca Caroline.
E Vitor adiciona:
— Até hoje o nosso avô pede para assinarem a nossa carteira (de trabalho). Na pandemia, para a minha mãe, era uma dificuldade ver a gente em casa, porque na cabeça dela a gente tinha que sair para trabalhar. Às vezes eu estava sentado, parecia que eu estava mexendo no celular, mas eu estava trabalhando, só que para a nossa família foi bem difícil de entender. Nós temos o escritório, mas muitas vezes a gente trabalha em casa, ainda hoje. Se não tenho nenhum cliente, posso fazer de casa o que eu faço aqui (escritório).
Apesar da pouca idade, diante de uma vida inteira, a dupla nunca se preocupou com isso e, inclusive, incentiva outros jovens que pensam em ser corretores. Desde que com organização e responsabilidade financeira.
— Especificamente na corretagem, normalmente nós somos comissionados, e no começo, até tu criar um fluxo de caixa, precisa ter um pouco mais de organização financeira. Então a organização financeira é o principal, porque tu não vai ter ajuda, um auxílio financeiro. Então é preciso ter um fluxo de caixa para, daqui a pouco, sempre ter uma comissão entrando. Depois que tu consegue ter esse fluxo de caixa, as portas se abrem, porque tu se sente até mais confortável na profissão, tem um melhor desempenho — aconselha Caroline.
Vitor dá outra dica.
— Tu sempre pode começar, não precisa esperar um momento para a corretagem. Eu comecei com 21 anos, é uma idade nova para corretagem, só que essa limitação quem põe é a pessoa, se tu é muito novo ou muito velho, isso não te impede.
Ajudar as pessoas a encontrar a casa delas
![Neimar De Cesero / Agencia RBS Neimar De Cesero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/8/8/5/2/5/7/4_49a31479786f85e/4752588_e99079b5874e711.jpg?w=700)
Há oito anos como corretora, Claudia Ruaro, 41 anos, até hoje usa a definição de quando o filho, hoje com 13 anos, usava quando era menor. Ao perguntarem o que ela fazia para ele, respondia "a minha mãe ajuda as pessoas a encontrar a casa delas". Claudia conta que, o "jeito bonitinho" traduz o que ela tanto gosta de fazer. Com formação acadêmica em Letras, ela atuava como professora. A corretagem surgiu como uma brincadeira.
— Um amigo falou "por que tu não é corretora?". E eu disse: "imagina, nada a ver, eu estou bem no meu emprego". E ele me diz: "não, não, tu tem perfil. Vai que eu acho que é legal". Ele tinha uma imobiliária, estava vendendo dois ou três empreendimentos específicos, me deu um folder e, quando eu vi, meu carro tinha mais folder do que coisa do trabalho. Aí comecei a investir, estudei para ter Creci e acabei trabalhando em uma imobiliária. Depois vim parar aqui na Perfil — diz Claudia.
Para ela, o mais especial na profissão é participar da escolha do lugar onde as pessoas vão morar. "Onde tu tira as máscaras, fica à vontade", define ela.
— É uma compra muito desejada. A gente usa muito a palavra "sonho", porque é o sonho da grande maioria das pessoas, que é ter uma casa própria. Trabalhar com o porto seguro das pessoas é muito gratificante — acrescenta a corretora.
Claudia também trabalha com investidores, que, de acordo com ela, muitas vezes nem conhecem o produto, focando apenas na rentabilidade. Na visão dela, a profissão vai além da venda, é uma prestação de serviço.
— Mandar quantos dormitórios, metragem, isso qualquer um faz, agora tu entender o porquê existe esta procura, qual que é a dor da pessoa, o que está incomodando a pessoa que ela precisa ir para um (imóvel) novo, então é um serviço de buscar a solução.
Por buscar entender o perfil do cliente, Claudia analisa que a pandemia mudou algumas questões. Desde a desconfiança, que ela acredita ter diminuído quando houve a necessidade de negócios virtuais. Ela comenta que antes era muito difícil converter uma venda cara a cara.
— Antes não se falava em ter home office dentro de casa, eram tantos dormitórios. Hoje é muito comum se pensar num lugar diferenciado para ter um home office, quer uma vista, uma iluminação natural, coworking nos próprios empreendimentos, então mudou muito a mentalidade e as construtoras foram se adequando a se organizar — compartilha.
Também na pandemia, Claudia começou a estudar as redes sociais, como Tiktok e Instagram, buscando mais ferramentas.
— Ali surgiu as lives. A minha ideia era tomar uma água limpa e fazer algo que ninguém fazia. Eu tinha uma colega, liguei para ela e perguntei se ela aceitava fazer uma live, falando do mercado imobiliário, só para a gente se movimentar. Na pior das hipóteses, vai estar teu marido, minha mãe e meu filho e está tudo certo — conta.
A primeira transmissão teve 90 pessoas simultaneamente. Nesta, elas contaram como iniciaram na profissão e, a partir disso, elas criaram o projeto Papo de Corretoras.
— A gente foi entendendo a receptividade do nosso público alvo, que eram os clientes, mas era mais um posicionamento digital para a gente mostrar um pouco do trabalho, mostrando informações do mercado imobiliário — finaliza.