A produção de leite de duas vacas holandesas deu à Granja Cichelero papel de destaque na Expointer nesta semana. A empresa, de Carlos Barbosa, arrematou as duas categorias do Concurso Leiteiro, promovido pela Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando). Na terça-feira (7), ocorreu o tradicional banho de leite durante a premiação.
No concurso, a Cichelero levou os títulos na categoria jovem, com produção de 69,66 quilos de leite, e na categoria adulta, com 83,68 quilos do produto. No total, 18 animais participaram do concurso — cinco deles da granja da Serra. Um dos proprietários da empresa, Daniel Cichelero, diz que a vitória em ambas as categorias é o resultado da rotina de criação dos animais:
— Fazemos um trabalho diferenciado dentro da propriedade. Um trabalho que se faz desde que nasce a bezerra.
Isso significa um ambiente confortável para os animais e uma alimentação cuidadosa. Para se ter uma ideia, logo após o nascimento, essas vacas são alimentadas com o leite da mãe em, no máximo, quatro horas com quatro litros da bebida. Depois, até os 60 dias, tomam de 12 a 14 litros de leite por dia. É o dobro do que é normalmente fornecido aos bezerros, diz Cichelero.
— Baseado em estudos e no que nós temos visto na prática, só esses dois detalhes vão dar de 1 mil a 1,5 mil litros de leite a mais por lactação. São cinco a seis a mais por dia.
Os cuidados permanecem depois com a nutrição das vacas, com alimentação balanceada e minerais. Outra preocupação é garantir o conforto térmico para os animais, que ficam em ambiente climatizado e piso emborrachado. O empresário conta que as vacas produzem, na rotina da granja com ordenha é robotizada, até mais do que no concurso, que elimina as duas retiradas de leite com maior volume e soma as outras três para chegar ao resultado.
No total, a granja tem um rebanho de 353 animais e, destes, 154 produzem leite. A empresa, sediada na Linha Doze, vende 21 tipos de produtos.
Redução de produtores
O Concurso Leiteiro realizado pela Gadolando coloca em destaque a produção da raça mais presente nas propriedades rurais do Estado. O Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul - 2021, divulgado pela Emater-RS/Ascar na quarta-feira (8), mostrou que 65% das vacas do Rio Grande do Sul são da raça holandesa. A pesquisa, no entanto, aponta que tem diminuído a quantidade de produtores de leite vinculados à indústria. Com isso, também reduziu a quantidade do produto vendido (veja os dados abaixo).
Entre os gargalos apontados pelo setor, estão, principalmente, falta de mão de obra, ausência de descendentes ou desinteresse deles na atividade e descontentamento em relação à remuneração da atividade. Por outro lado, medidas que indicam uma profissionalização do setor ganharam maior importância. Por exemplo, aumentou de 60%, em 2015, para 84% em número de propriedades com local adequado para a ordenha.
— Esse é um fator fundamental. É um dado importante para que todos os atores envolvidos na produção do leite possam pensar e trabalhar junto com as famílias para evoluir, chegar muito próximo aos 100%, porque isso tem a ver com a qualidade do leite, tem a ver com o bem estar animal, mas também tem a ver com o bem estar das pessoas — comentou Valdir Sangaletti, coordenador regional de sistemas de produção animal da Emater/RS-Ascar, durante a apresentação dos dados.
A entidade identificou ainda que a produção de leite está concentrada, principalmente, entre os agricultores familiares, que geram 96% do que é vendido no Estado:
— É uma atividade que realmente tem uma importância econômica fantástica, mas uma importância social também fundamental — destacou Sangaletti.
Números do setor leiteiro no RS
Dos 497 municípios do Estado, 466 têm produtores de leite. No entanto, tem havido uma perda média de 7.336 vinculados à indústria por ano, desde 2015. Os dados são da Emater/RS-Ascar, colhidos entre junho e julho em todo o RS. Confira abaixo o detalhamento:
