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Está mais caro manter o companheiro fiel das manhãs no cardápio. É que o valor do café moído e também da versão em grãos do insumo aumentou nos últimos meses, atingindo, inclusive, patamares históricos no país. Os motivos listados para a ascensão do preço são as questões climáticas — com queimadas e seca nas áreas cafezeiras — e o aumento na demanda global. O reflexo disso é uma bebida mais cara que chega à mesa dos consumidores caxienses.
Dados divulgados pela Secretaria da Fazenda do Estado mostram que o valor do café moído aumentou 53,46% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo mês do ano passado, chegando a R$ 45,96 ao quilo no Rio Grande do Sul.
A versão em grão, comercializada por saca, também registrou aumento. Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, revela que o café atingiu o maior preço em 28 anos, custando R$ 2.565,86 a cada 60 quilos. O valor se refere ao tipo arábica, o mais produzido no Brasil.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na semana passada, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, detalhou que o aumento no valor da saca superou 160% no ano passado.
— Uma saca de café em janeiro de 2024 era R$ 810 e terminamos o ano custando acima de R$ 2,2 mil. Hoje já passa de R$ 2,5 mil. A indústria repassou para o varejo, e o que chegou até o consumidor foi não mais do que 39%. Essa escalada nos preços foi motivada pela questão climática e pela demanda global — assinala.
A última safra com volume expressivo, acima de 60 milhões de sacas colhidas, foi entre 2020 e 2021. A expectativa é que o volume se repita no ano que vem, arrefecendo o valor do produto ainda em 2025.
— Em setembro, outubro, quando se inicia a florada da próxima safra, teremos possivelmente algum arrefecimento e talvez até alguma queda nessas cotações — projetou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café na entrevista.
A rede caxiense Doce Docê, que está prestes a alcançar a 14ª franquia, é um dos empreendimentos que sentiram a alta do café. O diretor Pedro Toss estima que os valores aumentaram 70% em seis meses. O produto vem de uma fornecedora do Sudeste, nas versões em grão e moída, para as bebidas expressas e filtradas.
— Não percebemos uma diminuição no consumo, porque não chega a R$ 1 o aumento na xícara. Não é um fator que faz com que as pessoas não comprem o café — acredita o diretor da rede de franquias.
Cafeteria na Júlio aumentou em R$ 1 o valor da taça
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Situada na Avenida Júlio de Castilhos, bem em frente à Praça Dante Alighieri, a cafeteria Café Pão de Queijo mantém clientes fiéis que chegam todas as manhãs em busca da bebida. Foram os consumidores tradicionais, inclusive, que incentivaram a proprietária Cláudia Rezende a aumentar o preço das taças de café, após notarem que o valor permanecia igual mesmo com a elevação no varejo.
— Eu segurei o máximo que dava. Várias vezes aumentou e eu não repassei para o cliente, mas agora eu me obriguei a fazer isso e aumentei R$ 1 na taça média e R$ 1 na pequena. Até foi sugestão de clientes que eu aumentasse, porque eles diziam "Cláudia, teu café tá superbarato, vai em outros lugares, o café não é de boa qualidade e é bem mais caro que o teu". O cliente sabe e entende — relata a empreendedora.
Rede de cafeterias absorveu o aumento de 40%
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Com seis cafeterias em Caxias do Sul, a rede Minuano observou um aumento de 40%, no último trimestre, no preço do café comprado em grãos. O insumo vem em sacos de um quilo, é moído todos os dias e se transforma na bebida que chega à mesa dos clientes.
Gerente da unidade da Tronca, Roberto Pegoraro diz que até agora a rede absorveu os aumentos do insumo, mas, diante da previsão de novas altas, estima que algum aumento possa chegar aos consumidores nas próximas semanas.
— Se analisarmos, quase dobrou o valor. Não repassamos ainda até porque envolve muita coisa. Tem que mudar cardápio, mudar sistema. Vamos ver como será a nova compra desta semana — projeta.
A rede também atua no varejo, com venda de produtos nos empórios, como é o caso da unidade da Tronca. Pegoraro exemplifica que uma embalagem de 500 gramas de uma marca tradicional, que até há algumas semanas saía por R$ 17, hoje é vendida a R$ 25. Mesmo assim, o gerente observa que as vendas continuam equilibradas neste setor. O que ele notou é que as opções mais nobres e mais caras estão permanecendo mais tempo nas prateleiras.