Darcy Miolo, que morreu neste domingo (20) aos 79 anos, deixa um importante legado para a Miolo Wine Group, de Bento Gonçalves, empresa da qual foi fundador, mas também para setores da viticultura, passando pela enologia e pelo enoturismo. Na manhã desta segunda-feira (21), líderes de entidades representativas lamentaram a morte dele e destacaram sua participação no processo de desenvolvimento do vinho brasileiro.
O empresário Deunir Argenta, que preside União Brasileira de Vitivinicultura (UBV), destaca a humildade que sempre fez parte da trajetória de Darcy, iniciada com o cultivo de videiras e, em 1989, com a fundação da vinícola, no Vale dos Vinhedos — na mesma propriedade onde hoje está instalado o complexo da Miolo.
— Tínhamos uma parceria comercial, minha família fornecia sacos de açúcar que, muitas vezes, eram trocados por litros de vinho. Cheguei a participar de jantares que ele realizava no porão de casa, bem no início, como forma de divulgar os vinhos que começava a elaborar. Ele foi um amigo muito querido, que sempre deixou as portas da Miolo abertas a todos e que participou ativamente do desafio de fazer com que o vinho brasileiro conquistasse cada vez mais espaço. Deixa um grande exemplo e um grande legado — afirma o amigo.
André Gasperin, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), também lamentou a morte do fundador da Miolo:
— Ele foi uma das pessoas que começou a fazer com que o vinho brasileiro conquistasse o seu devido espaço. Uma pessoa que deixa um legado muito grande pro setor da uva e do vinho de todo Brasil, em uma trajetória de projeção mundial. Como enólogos, reconhecemos e valorizamos muito o que seu Darcy fez. Ele partiu, mas o legado fica.
Seu Darcy, como era chamado, é lembrado por todos como uma pessoa que sempre valorizou todos os setores ligados ao mundo do vinho. Em um movimento conjunto com outras entidades e empresas, ele fez parte do processo de consolidação do Vale dos Vinhedos como um dos principais destinos enoturísticos do mundo.
— Darcy Miolo foi uma das grandes personalidades do setor vitivinícola do Brasil. Desbravador junto de seus irmãos, Paulo e Antônio, levou o vinho de Bento Gonçalves para o mundo, tornando a vinícola Miolo uma das principais referências do vinho nacional. Certamente deixa um grande legado a todos, como uma grande referência e personalidade da Capital do Vinho — afirmou o secretário de Turismo de Bento Gonçalves, Rodrigo Ferri Parisotto.
Atualmente, a Miolo Wine Group conta com vinhedos e unidades de produção no Vale do São Francisco, na Bahia, em Candiota, na Campanha Meridional, e em Santana do Livramento, na Campanha Central. A vinícola produz de 10 a 12 milhões de litros por ano numa área cultivada de aproximadamente 1 mil hectares. Os 120 rótulos são comercializados em 32 países.
Seu Darcy ainda atuava como presidente do Conselho Administrativo da marca e, nos últimos anos, costumava ficar na Fazenda do Seival, em Candiota. Deixa a esposa, Gladis Terezinha Bianchi Miolo, e os filhos Adriano, Fábio, Alexandre, Marcos e Cássio. O velório ocorre na Capela das Almas, na Linha 40 da Leopoldina, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. O sepultamento está marcado para esta segunda-feira, às 16h30min, no cemitério da mesma localidade.