Depois de registrar alta em quatro meses consecutivos, o desempenho da economia de Caxias do Sul em setembro caiu 3,7%,em comparação a agosto. O setor de serviços puxou o declínio, com resultado de - 8,2%, seguido pela indústria, que retraiu em 2,8%. Apesar de tímido, o desempenho do comércio, de 0,9%, foi o único positivo no mês. Os números foram apresentados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) na tarde desta terça-feira (24).
Já na comparação com o mesmo período no ano passado, quem segurou o resultado foi a indústria, que avançou 7,7%. Comércio e serviços recuaram 19,4% e 18,6% respectivamente, fazendo com que o indicador geral também se tornasse negativo, de 4,7%.
Na análise do acumulado do ano, em que se compara os primeiros nove meses de 2020 com o mesmo período do ano anterior, os três setores apresentam queda: comércio -16,5%, serviços -13% e indústria -3,6%, gerando retração de -8,6%.
Em relação aos últimos 12 meses, a atividade econômica acumula queda de 6,2%, com o comércio apresentando pior resultado (-11,5%), seguido por serviço (-7,5%) e indústria (-3,8%).
A economista Maria Carolina Rosa Gullo, diretora de Economia, Finanças e Estatística da CIC citou que, em relação a agosto, o problema na indústria se concentrou em compras e vendas, mas destacou os números da massa salarial, que cresceu 5,3%.
— As compras podem ter alguma influência da falta de matéria-prima em alguns segmentos, mas a gente percebe que não houve vendas positivas em relação a agosto. O ponto positivo está na massa salarial, porque significa renda, significa que houve mais emprego, tem mais dinheiro circulando na economia e isso vai repercutir ali na frente em consumo, serviços e na própria indústria — frisou.
Em relação ao setor de serviços, Maria Carolina afirmou que já pode haver uma retomada, mas que ainda não é refletida nos números.
— O principal indicador é a arrecadação de ISSQN, que a prefeitura protelou. A gente ainda está sob efeito desse adiamento. Então, pode já ter melhorado mas ainda não repercutiu no número — destacou, mencionando a retomada de eventos presenciais, como a Mercopar e o Festuris, em Gramado, que também impacta Caxias.
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Carlos Zignani, também diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC, afirmou que, apesar destas dificuldades, a maioria das indústrias locais já tem carteira de pedidos fechada até fevereiro de 2021:
— Se isso for verdadeiro, significa que nós devemos ter melhora nos próximos três ou quatro meses. A falta de matéria prima pode estar atrapalhando, mas nada preocupante demais. Parece que o pior já passou.
CDL demonstra preocupação com pandemia
Responsável pelo resultado positivo do mês, o comércio projeta um desempenho em 2020 melhor do que o previsto no início da pandemia. O assessor de economia e estatística da CDL Caxias do Sul, Mosár Leandro Ness, atribui isso ao esforço do setor para reinventar o atendimento perante o cenário de pandemia. No entanto, ele demonstrou apreensão com o crescimento recente do número de casos de coronavírus.
— As pessoas relaxaram com o seu distanciamento, relaxaram com a sua proteção individual e isso aí acabou levando ao quadro desse momento, que é preocupante. O comércio necessita da circulação das pessoas para retomar o caminho de crescimento ao longo prazo. Se fosse decretada uma bandeira vermelha e o número de restrições viesse a aumentar, seria extremamente negativo para o desempenho do comércio.
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O economista destaca que o desempenho positivo só deve se consolidar efetivamente com uma solução consistente para o problema da pandemia.
— Enquanto não tivermos pelo menos o controle estratégico dessa doença, as perspectivas de termos um crescimento sustentado de longo prazo ainda são fracas. Nós precisamos vencer esse ciclo da doença para, aí sim, inserir a nossa economia num processo de crescimento mais robusto. A nossa expectativa é que as vacinas sejam liberadas o quanto antes e aí a economia vai começar a deslanchar com mais força — afirmou.
O economista também destacou o aumento na procura por crédito e a redução de dívidas. Em setembro houve um aumento de 12,63% nas consultas de lojistas e dos próprios consumidores ao sistema SPC em relação ao mesmo período do ano passado. Outro dado é a queda de 35,30% na inclusão de débitos no mês em relação a setembro de 2019.