Dados são fundamentais para entender situações e propor alternativas. Por isso, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) criou o Observatório da Economia (OECON), um serviço voltado à reunião de estatísticas do setor e análise das oscilações a que ele está sujeito. Entre os objetivos, o fornecimento de informações que contribuam para o progresso da sociedade.
Em cerca de um mês de atuação, o grupo, formado por seis pessoas ligadas ao CIC, já elaborou dois estudos. O primeiro foi a análise da proposta de reforma tributária do governo do Estado — que prevê, entre as medidas, a alteração de alíquotas do ICMS para alguns produtos e também a simplificação de cinco para duas.
A conclusão do OECON foi de que, embora o Piratini garanta que não se trata de uma reforma para aumentar a arrecadação, haverá pontos de aumento da carga tributária. O documento foi encaminhado à Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul). O segundo estudo é do impacto da pandemia de coronavírus nos empregos em Bento Gonçalves e no país.
— O Observatório surgiu com o propósito de fazer a análise da proposta de reforma do governo do Estado. Mas acabamos estendendo o trabalho. A ideia é fazer uma radiografia da região — explica o presidente do CIC-BG, Rogério Capoani.
A equipe, coordenada pelo economista Adegildes Stefenon, trabalha agora na elaboração das variáveis que serão monitoradas pelo OECON. Finanças, planejamento tributário, reformas estruturais, emprego, renda, juros e consumo devem estar entre os assuntos analisados pelo grupo.
O planejamento é ter um boletim mensal com as análises e opiniões. O primeiro será lançado até o final de agosto. Com isso, não apenas os associados terão subsídios para tomar decisões, mas o próprio mercado e a comunidade também.
— Pode contribuir tanto com as empresas quanto com a sociedade. Assim a gente constrói uma cidade melhor — espera Stefenon.
Argumentos
O presidente do CIC já planeja utilizar os estudos do Observatório nas eleições municipais de novembro. Com dados concretos e análise de cada um deles, Capoani acredita que será mais fácil dialogar com todos os candidatos e saber a opinião deles sobre os assuntos de interesse da entidade e dos associados:
— Se tivermos dados atualizados, a gente pode chamar os candidatos e ver o que eles pensam. Dá mais segurança.
Devido à pandemia, integrantes elaboram os estudos e projeções de casa
Criado em meio a uma pandemia, que exige o distanciamento social, o Observatório da Economia tem como sede a casa de cada um dos integrantes da equipe. Os seis membros se reúnem virtualmente e trabalham a distância. Conforme Adelgides Stefenon, coordenador do OECON, o estudos são feitos em partes. No caso da análise da reforma tributária, por exemplo, Stefenon fez um apanhado do tema e algumas considerações e encaminhou aos colegas, que fizeram suas contribuições.
Por fim, o material foi entregue ao presidente do CIC para aprovação.
— Com empenho de todos, trabalhando aos finais de semana, fizemos dois trabalhos bem profundos até agora — pontua Stefenon.
A princípio, o Observatório fará apenas análises de dados já existentes, mas há a possibilidade de elaborar ou até mesmo coordenar pesquisas próprias futuramente.
QUEM FAZ PARTE
> Adelgides Stefenon, coordenador do OECON, diretor de Projetos da ExpoBento, economista e mestre em Marketing.
> Roberto Meggiolaro Júnior, segundo tesoureiro do CIC, advogado, contador e especialista em Direito Tributário.
> Vinícius Piva, diretor de Gestão e Inovação do CIC, administrador com MBA em gestão empresarial.
> Antonio Carlos Paludo, presidente do Conselho Deliberativo do CIC e contador com especialização em Auditoria Contábil e Fiscal.
> Fabiano Larentis, membro do Conselho Deliberativo do CIC, administrador, doutor em Administração e professor do programa de pós-graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
Números próximos a dezembro de 2016
O impacto nos empregos em Bento Gonçalves foi o objeto de análise do segundo estudo do Obervatório de Economia. A partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a equipe buscou entender o tamanho do estrago — entre março e junho 2.303 vagas formais de trabalho foram fechadas na cidade (ver quadro ao lado).
Conforme o levantamento do OECON, os dados indicam uma redução de 3% na quantidade de empregos de dezembro de 2019 (44.277) para junho de 2020 (43.093). Os números estão próximos aos de dezembro de 2016, quando o país estava em recessão econômica. Eram 42.885 postos na época.
— Se o ritmo de crescimento identificado de janeiro e de fevereiro, com saldo positivo de 641 e 478 respectivamente, tivesse permanecido, muito provavelmente em 2020 ultrapassaríamos o número de 2014 (que foi de 43.725), quando se obteve o ápice na cidade na geração de empregos formais — avalia um dos estudiosos do Observatório, o professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Fabiano Larentis.
De março a junho, a indústria foi o setor que mais contribuiu para o saldo negativo: menos 1.073 vagas, ou 47% do total. Na sequência, aparecem o setor de serviços (-870) e o comércio (-284). Já em junho, a indústria voltou a ter saldo positivo, com 44 postos. Serviços teve saldo de menos 31, assim como comércio (-18) e construção (-13).
IMPACTO
Confira o quadro de desligamentos e admissões em Bento Gonçalves, segundo o Observatório de Economia com base em dados do Caged:
Março
Fabricação de bebidas: -106
Produtos alimentícios: -100
Transporte e armazenagem: -50
Comércio varejista: -37
Serviços de alimentação: -36
Abril
Indústria moveleira: -291
Serviços de alojamento: -165
Fabricação de produtos de borracha e plástico: -127
Fabricação de máquinas e equipamentos: -88
Serviços de alimentação: -85
Maio
Fabricação de móveis: -117
Serviços de alimentação: -88
Fabricação de produtos de borracha/plástico: -47
Comércio varejista: -44
Fabricação de bebidas: -36
Junho
Alimentação: -20
Fabricação de móveis: +52
Fabricação de produtos de borracha/plástico: +41