Com a proximidade do Natal, as ofertas se proliferam nas concessionárias para fisgar o cliente. Em alguns casos, há parcelamento em até 36 vezes sem juros, emplacamento grátis, supervalorização do usado e primeira prestação para 2020. Mas não há tanta disposição para entregar um veículo sem uma entrada maior no financiamento, diferente do que ocorria.
— Os números extraordinários de cinco, seis anos atrás eram muito alavancados por ofertas de linhas de financiamento com zero por cento de entrada, prazos muitos longos. O mercado hoje está mais maduro. Os clientes normalmente têm dado entrada de 30% e feito financiamentos em 48 meses. O índice de inadimplência está abaixo do que já foi. Existe um apetite do sistema financeiro para financiar veículos. Por outro lado, a diversidade de modelos e de fabricantes também aguça a competitividade e oferece um preço bem atraente para o consumidor — expõe Paulo Siqueira, da Fenabrave/Sincodiv.
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O casal de comerciantes Valter, 49, e Janete Ulian, 50, estava de olho nas ofertas e retirou da concessionária uma SUV zero quilômetro na manhã de quarta-feira passada. O último carro novo da família havia sido comprado em 2013. Em função da realidade econômica doméstica, trocaram por um seminovo. Agora, fazem parte do perfil de pessoas que conseguiram estabilizar rendimentos e podem aplicar dinheiro no conforto.
— Sentimos uma retomada, não é o mesmo padrão de antes. Acho que o financiamento era melhor. Mas aproveitamos a oferta — diz um animado Valter.
Confira quais são os veículos mais procurados e o total de unidades comercializadas em novembro (de 1º a 21/11):
Imposto além do devido
A Fenabrave/Sincodiv argumenta que uma das barreiras para o crescimento do mercado automotivo gaúcho é o mecanismo da substituição tributária em vigor. O carro é tributado de forma antecipada ao sair da fábrica e por um valor de referência maior do que a venda final. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, pela natureza do imposto, essa eventual diferença cobrada a mais tem que ser restituída pelo Estado. Conforme a entidade, os governos estaduais têm cumprido a determinação, menos o Rio Grande do Sul.
— Essa é a discussão que está sendo feita aqui no Estado. Se produziu um decreto em que, se os contribuintes quiserem lançar mão desse crédito, a alíquota de ICMS que é de 12% sobe para 18%. Isso criaria uma barreira no Rio Grande do Sul como se fosse um abismo, um descolamento total por uma força tributária diferenciada negativamente que nos separaria de vez do resto do Brasil _ critica Paulo Siqueira, da Fenabrave/Sincodiv.
Como exemplo, ele cita Santa Catarina, com quatro milhões a menos de habitantes em relação ao RS, mas com dois mil carros vendidos a mais em 2019.
— Como pode isso? Então, veja que os meios de aquisição de veículos, muito provavelmente influenciados por uma carestia tributária aqui, facilita o consumo em outros Estados. Não é só o automóvel, há comentários de que aqui tudo é mais caro — lamenta Siqueira.
Recentemente, uma grande concessionária sediada em Caxias trocou o solo gaúcho por Santa Catarina pela questão dos atrativos daquele Estado.
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