
Com crescimento acumulado de 18% em 2019, a caxiense Promob Software Solutions comemora o primeiro ano de fusão de suas operações com a canadense 2020, tornando-se parte da maior empresa desenvolvedora de software para o setor moveleiro do mundo. A equipe combinada de 850 funcionários passou a fornecer suporte global aos clientes localizados nas Américas, na Europa, na Ásia, na Austrália e na África.
Presente em 37 países, por meio de mais de 80 mil licenças comercializadas, o software Promob tornou-se grife para ambientação virtual de projetos arquitetônicos, sendo continuamente aperfeiçoado para atualizar os profissionais e indicar tendências para o setor.
De uma companhia com velocidade no mundo, a Promob nasceu como qualquer empresa. Em 1994, dois colegas — Edson Witt e Vanderlei Buffon — atuavam na introdução de sistemas na engenharia da Marcopolo, se uniram e criaram um negócio. Convidaram para a fundação André Pivoto, com expertise nas áreas financeiro/administrativa.
— O Brasil vivia um bom momento econômico e havia um movimento forte de terceirização de funções não-chaves dentro das empresas. Em função desse contexto, verificamos a possibilidade de montar uma empresa que atendesse às demandas de informatização das engenharias, que estavam latentes em outras companhias. Passado o período inicial, em que se faz um pouco de tudo (venda de software, desenvolvimento, treinamento), acabamos desenvolvendo um software para projeto de cozinhas e dormitórios, que acabou direcionando a organização para o segmento moveleiro — conta Vanderlei Buffon, 50 anos, co-CEO da Promob e tendo como hobbies vinhos, tênis e ciclismo.
A seguir, entrevista concedida pelo empresário ao Pioneiro:
Quais os principais mercados e produtos?
Nosso principal mercado é a indústria moveleira e sua cadeia de suprimentos. São sistemas para projetos que vão de grandes fabricantes moveleiros a pequenos marceneiros e lojas de móveis. Temos soluções também para outros segmentos, incluindo vinícola e metalmecânico. Conseguimos atender hoje as empresas desde o momento do projeto até a geração do código CNC para o maquinário na fábrica, ou seja, temos uma solução de ponta a ponta.
O que representou a fusão com a canadense 2020?
Éramos antes da fusão a terceira maior empresa mundial no nosso segmento e a maior da América Latina. Chegamos à liderança, além do Brasil, em outros países como Argentina, Colômbia e México, porém, para continuarmos a crescer, precisávamos expandir para outros mercados. Essa expansão passa por custos elevados de penetração, tempo e risco. Paralelamente a esse movimento, nos próximos anos temos investimentos pesados para migrar nossas soluções para a nuvem. É um processo que já está em andamento, mas que levará um bom tempo até uma migração total. Além desses dois tópicos, temos como objetivo desenvolver uma plataforma global de soluções. Esse desafio será mais fácil de alcançá-lo juntamente com a 2020. A 2020 é a empresa líder mundial no segmento, com presenças fortes no mercado americano, europeu, chinês e indiano.
Qual a previsão de crescimento em 2019?
Ficaremos em torno de 20%, trabalhando em paralelo com integrações de sistemas. Estamos levando ferramentas que desenvolvíamos aqui para fora e trazendo outras soluções para nosso mercado.
Estar num filão estratégico garante o sucesso ou é um desafio a mais?
Ser especialista num segmento nos traz expertises que nos tornam muito competitivos. Conseguimos aprimorar muito nossos produtos nas áreas de atuação. Temos soluções muito fortes e maduras no segmento em que atuamos, por outro lado, existe um risco maior quando esse setor não está num bom momento.
Quantos clientes existem hoje?
Temos mais de 80 mil licenças do software distribuídas na América Latina. Sistemas personalizados são 600, lojas de móveis, 12 mil, além de 23 mil designers de interiores, arquitetos e marceneiros que utilizam nossas soluções.
Quais os projetos de alcançar novos mercados?
Neste momento, estamos levando produtos desenvolvidos aqui para mercados onde a 2020 tem estruturas comerciais e trazendo soluções que a 2020 desenvolve para nossos clientes. Com isso, já temos trabalho por uns bons anos. Em paralelo, estamos desenvolvendo uma plataforma que conecta esse mercado. Temos projetos de Big Data e inteligência analítica.
Estar situado em Caxias é estratégico?
Não diria Caxias do Sul, mas na Serra Gaúcha. A proximidade com o polo moveleiro, principalmente de Bento Gonçalves, propiciou evoluirmos com nossas ferramentas. Temos na região uma boa qualidade de mão de obra. Porém, hoje nossos competidores são globais e perdemos profissionais para mercados, muitas vezes, fora do Brasil, com propostas mais atrativas. Nesse quesito, não somente Caxias, mas o Brasil deixa a desejar em alguns aspectos.
Quantos funcionários e qual o faturamento previsto para o ano?
Se considerarmos somente a Promob, são 324, já no grupo todo são mais de 850. Devemos fechar 2019 com faturamento de R$ 76 milhões no Brasil e US$ 100 milhões mundialmente.
Há estimativa de ampliação da equipe de trabalho?
Sim, no nosso último encontro do grupo Global em Laval, no Canadá, foi definido que a Serra Gaúcha (temos uma unidade em Bento Gonçalves) será um núcleo de desenvolvimento global. Boa parte disso se deve à qualidade de produtos que fazemos, ao dinamismo e à inquietude das pessoas daqui.
Que conselhos daria a um jovem empreendedor?
Pense aonde você quer estar ou chegar daqui a alguns anos e faça os movimentos necessários para que isso aconteça, seja resiliente e foque mais no problema que quer resolver do que na solução em si.