Uma nova paisagem urbana está sendo redescoberta em Caxias do Sul com a reforma de dois prédios históricos no entorno da área férrea, no bairro São Pelegrino. Com o movimento intenso de máquinas e a limpeza dos terrenos, entre a Rua Olavo Bilac e a Praça das Feiras, já dá para espiar um pouquinho mais do que sobrou das construções antigas que já abrigaram a Companhia Vinícola Riograndense e a Cooperativa Vinícola Caxiense. Mais do que isso, é possível avistar também a transformação das antigas indústrias em um novo complexo de lazer nesta área nobre da cidade, rebatizada de Pátio da Estação. A reportagem teve acesso exclusivo ao complexo em obras e detalha, a seguir, o que os muros, que ainda não foram derrubados na Olavo Bilac, escondem e que, em breve, vão ser reapresentados aos caxienses:
Tratativas começaram há três anos
A negociação da família Grazziotin da Farmácia Central, proprietária da área no entorno da malha férrea, com o arquiteto Renato Solio, responsável pelo projeto e pela condução da obra, começou ainda em 2016. O filho, Pedro Solio, de 31 anos, fazia o projeto de revitalização de um dos pavilhões da Vinícola Riograndense para o trabalho de conclusão do curso de Arquitetura.
Foi o embrião para que a família Solio se reaproximasse dos Grazziotin, com quem Renato já tinha trabalhado na recuperação do prédio central da Vinícola Riograndense, área que abrange hoje o Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) em São Pelegrino. Os prédios que estão sendo recuperados agora para o Pátio da Estação eram os demais desta mesma indústria.
Leia também
Rua Olavo Bilac e suas antigas vinícolas
Novo complexo de gastronomia e serviços em Caxias terá investimento de R$ 10 milhões
Mesmo que as edificações não sejam tombadas pelo Patrimônio Histórico, por ficarem próximas da área férrea, as restrições de altura também conduziram os detentores da área para a proposta que está sendo executada agora, conforme explica Solio:
_ A ideia é não ocupar ao máximo, mas criar um equilíbrio entre a revitalização e um cenário agradável. Vai ficar preservado o respeito histórico e a integração com a sociedade. Um dos grandes méritos da família Grazziotin é a preocupação em manter isso e, não tanto, em edificar mais _ ressalta o arquiteto.
O acesso ao empreendimento será pela Olavo Bilac, mas a vista mais disputada das marcas que vão se instalar no complexo, certamente, será a Praça das Feiras e a antiga Estação Férrea.
Complexo será inaugurado em duas fases
O projeto do Pátio da Estação será dividido em duas fases. A primeira parte da obra tem previsão de inaugurar até o início do ano que vem e o complexo inteiro deve ficar pronto até o final de 2020. Ao todo, serão 11 mil metros quadrados construídos, abrangendo duas quadras. Inclusive uma rua será aberta entre os dois prédios históricos, onde está projetado o acesso ao estacionamento para o primeiro empreendimento que contará com 4 mil metros quadrados. Serão pela menos 200 vagas, entre o estacionamento no nível da rua e o que ficar subterrâneo.
A inauguração mais próxima será a revitalização do antigo prédio da Cooperativa Vinícola Caxiense. Na visita da reportagem na semana passada, era possível conferir a obra em estágio avançado, com toda a parte estrutural finalizada, telhados prontos e trabalhadores atuando no pátio.
No prédio em frente, pertencente à fase 2 do projeto, a movimentação não ficava atrás. A construção envolverá o dobro do tamanho, com 7 mil metros quadrados, e também um grau de dificuldade maior para recuperação, já que o prédio da Vinícola Riograndense sofreu incêndio e apenas parte das fachadas foi preservada. É justamente nesta área, que vai demorar um pouco mais para ficar pronta, que o conceito de pátio vai ficar ainda mais evidente, com intenção de preencher o miolo central com coberturas que vão ressaltar a iluminação natural e também com um pátio maior para empreendimentos que desejam explorar atividades ao ar livre, principalmente da área gastronômica.
O conceito de pátio
Em alguns dos primeiros projetos arquitetônicos da área entre a Olavo Bilac e a Praça das Feiras, quando o complexo ainda não tinha sido batizado, o nome provisório chegou a ser Vinícola da Estação, mas quando uma empresa especializada foi contratada para desenvolver a marca do projeto, o conceito inicial se mostrou muito mais amplo. Assim como as bases arquitetônicas das antigas vinícolas serão preservadas, o ícone da uva no logo do Pátio da Estação está presente.
Porém a escolha do nome do complexo foi pensada para possibilitar que o ocupação não se restrinja aos empreendimentos ligados à uva e vinho. Até porque outros prédios industriais na cidade, que foram transformados em complexos de lazer, são ocupados, por exemplo, por cervejarias.
O conceito de pátio, portanto, dá a ideia de local de encontro, circulação e convivência, que pode ser tanto palco para empreendimentos culturais e de lazer, como lojas e escritórios. Embora nenhum contrato de locação tenha sido assinado até agora, há tratativas avançadas. São cerca de 20 espaços que vão ser comercializados e os tamanhos variam. A maior área tem 700 metros quadrados e uma vocação para um potencial salão de eventos.