A Incubadora Empresarial de Caxias do Sul (INEC) está com sete dos oito módulos disponíveis vazios e o mato começa a tomar conta do terreno localizado na Perimetral Oeste, no bairro Cinquentenário. O que era para ser um local de estímulo ao empreendedorismo, com o propósito de fortalecer e preparar pequenas empresas para sobreviver no mercado, virou um espaço com características de abandono. Por lá, lagartos, aranhas e ratos são os principais visitantes. Eles chegam de um matagal localizado nas proximidades e adentram pelos buracos deixados na cerca.
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Uma placa sinaliza que uma empresa deverá se instalar em breve no espaço. Outra, que ocupa dois módulos desde 2014, está finalizando a mudança e retirando o resto dos equipamentos ainda nesta semana.
— A atual administração abandonou o projeto e está dificultando a instalação de novas empresas. Prova disso são os espaços vazios e a estrutura do condomínio cheia de problemas — denuncia a empresária que está deixando o módulo e que prefere não se identificar.
A reportagem do Pioneiro esteve no local na tarde de quarta-feira e registrou o descaso com o local. Goteiras invadem os dois módulos que a equipe teve acesso, as câmeras de vigilância estão com os fios cortados, a cerca que limita o terreno está com buracos e não há tratamento de esgoto. Nos fundos, o mato começa a tomar conta da área das entradas dos espaços. A dona da empresa que está deixando a incubadora lembra que seu módulo foi invadido por ladrões e o prejuízo passou de R$ 30 mil.
— No papel, o projeto é maravilhoso. Mas a atual gestão acabou com ele. Uma pena, pois a área é muito boa.
Na quinta-feira (14), a pedido do vereador Felipe Gremelmaier (MDB), a Câmara aprovou pedido de informações ao Executivo sobre as condições do local.
O programa
O Programa Municipal de Incubadoras de Economia Solidária e de Pequenos Empreendimentos foi criado em 2003, no governo Pepe Vargas (PT). A INEC integra a iniciativa e está estruturada em oito módulos de 50 metros quadrados cada, além de um espaço administrativo com sala de reuniões e de acompanhamento técnico (este fechado há quase dois anos). O projeto determina que a incubadora seja destinada às micro e pequenas empresas, com até dois anos de registro na Junta Comercial.
O objetivo é que estes empreendedores consigam obter apoio técnico, logístico, mercadológico, administrativo por meio de ferramentas para a gestão dos negócios incubados. Os custos com a ocupação do espaço envolvem uma taxa mensal de R$ 90 por módulo mais o consumo de água e luz. O contrato é para dois anos, mas com possibilidade de prorrogação.
Em agosto do ano passado, a prefeitura abriu edital para a ocupação dos módulos, mas teve poucos interessados.
"Fechei por falta de incentivo", diz ocupante de módulo
Ricardo Rancan ocupou um dos módulos da INEC por mais de três anos com a empresa Massas da Vovó. Quando conseguiu autorização para integrar o espaço, apostou todas as suas fichas no negócio. Tinha certeza que daria certo. E deu, segundo ele, até o primeiro semestre de 2017.
– Quando assumiu a atual administração, mudou tudo. Não tivemos mais incentivos. Fomos abandonados – denuncia.
Ele deixou a incubadora em setembro passado e ainda não conseguiu assinar a rescisão junto à prefeitura.
– Há quatro meses que estou tentando, mas eles sempre têm uma desculpa, tamanha a desorganização.
Rancan conta que, em 2015, a disputa para frequentar o espaço era acirrada. Todos os módulos estavam ocupados e tinha lista de espera.
– Hoje, só tem uma empresa confirmada.
Rancan conta que, no ano passado, para manter a área habitável, ele mesmo cortava a grama e desembolsava o pagamento para a limpeza da caixa de esgoto. O empresário cobra do atual prefeito, Daniel Guerra (PRB), a promessa que fez durante a campanha.
– Prometeu investir e incentivar os empreendedores da INEC. Depois de eleito, nunca apareceu por lá.