Das flores cultivadas na Linha Araripe, no interior de Nova Petrópolis, nascem um dos produtos que mais têm chamado a atenção de quem visita o pavilhão da agricultura familiar na Expointer, em Esteio. Proprietária da agroindústria Sabores do Sítio, Rejane Gottschalk levou à feira uma linha de geleias orgânicas feitas à base de variedades como amor perfeito, camomila, hibisco, rosa, entre outras. O negócio de Rejane é um dos 56 que estão estreando no novo espaço dedicado aos pequenos produtores, que em 2018 ampliou o leque de alimentos e artesanatos oferecidos ao público. Neste grupo há nove empreendimentos da Serra Gaúcha.
Após fazer um curso sobre a utilização de flores na culinária, Rejane percebeu que ali poderia haver um nicho de negócio com potencial de sucesso. Todos dias, ela mesma cuida das flores plantadas em uma área de meio hectare e elabora as geleias. No ano passado, a agroindústria foi formalizada. Esse passo foi fundamental para que a Sabores do Sítio pudesse participar da Expointer. E até agora as vendas estão acima da expectativa inicial de Rejane.
— Vim com 800 vidros de geleia e já vendi mais da metade (até quinta-feira). Acho que vai faltar produto, se continuar nesse ritmo de vendas —destaca a produtora.
Vinho colonial
Fazer parte do pavilhão da agricultura familiar era um desejo antigo de Auri e Diva Flâmia, produtores de vinho colonial em Bento Gonçalves. Conseguir um lugar entre os expositores parecia algo impossível para eles até pouco tempo atrás, já que a produção da bebida estava na informalidade. No início deste ano, com base na recente Lei do Vinho Colonial, eles conseguiram legalizar a atividade. Assim, a Piccola Cantina, nome do negócio do casal, se tornou a primeira agroindústria de vinho colonial registrada no Brasil. E a primeira do gênero na Expointer.
— Como conseguimos nos legalizar, fizemos questão de vir para cá. Estamos conseguindo vender muito bem. Já saíram mais de 900 garrafas — comemora Auri Flâmia.
A vitrine proporcionada pelo pavilhão da agricultura familiar ainda acaba gerando possibilidades de negócios fora da feira para alguns participantes. Já na sua estreia na Expointer, a Laticínios Ruppenthal, de Gramado, vislumbra a abertura de novos mercados a partir dos contatos realizados no Parque de Exposições Assis Brasil. Os queijos coloniais, incluindo algumas versões temperadas com orégano e chimichurri, são os campeões de vendas no estande da marca.
— Vieram representantes de algumas redes de supermercado de Porto Alegre interessados nos nossos produtos. Agora planejamos buscar o selo da inspeção estadual, para que possamos vender para todo o Estado —projeta o produtor Rafael Ruppenthal, que comanda o negócio ao lado dos pais e seu irmão.
Vendas cresceram 96% até o sexto dia
Os negócios no pavilhão da agricultura familiar estão crescendo em ritmo acelerado nesta edição da Expointer. A venda de alimentos das agroindústrias e dos artesanatos dos 275 expositores gaúchos alcançou, até o sexto dia de feira, a marca de R$ 2,4 milhões, segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), que realiza o levantamento. O resultado representa um incremento de 96% em relação a igual período do ano passado, quando se movimentaram R$ 1,2 milhão.
O secretário de Desenvolvimento Rural, Tarcisio Minetto, ressalta que o desempenho positivo vai além da ampliação do espaço destinado aos pequenos produtores. Para ele, os consumidores estão abrindo mais a carteira neste ano, em comparação com edições passadas da feira.
— Com o novo pavilhão, a disponibilidade de espaço cresceu 41%. Então, as vendas estão crescendo acima do percentual do tamanho disponibilizado para os expositores. Temos uma oferta maior e mais disponibilidade de produtos, o que se está refletindo nas vendas — afirma Minetto.
Até o final da Expointer, a tendência é que a agricultura familiar fature cerca de R$ 4 milhões, um valor recorde para o segmento. Minetto ressalta que o desempenho neste ano pode ser ainda melhor, caso o tempo no último final de semana da feira esteja firme. De qualquer forma, a tendência é de uma expansão significativa frente aos R$ 2,8 milhões negociados na Expointer de 2017.
O pavilhão oferece aos visitantes 210 opções de agroindústrias familiares e 65 de empreendimentos de artesanato, plantas e flores. Ao todo, são mais de 1350 famílias participantes, vindas de 106 municípios do Rio Grande do Sul.
OS ESTREANTES DA SERRA
Piccola Cantina (Bento Gonçalves)
Agroindústria Sítio das Goiabeiras (Canela)
Delícias da Nair (Garibaldi)
Laticínios Ruppenthal (Gramado)
Mel Apis (Gramado)
Vinhos Pasquali (Monte Belo do Sul)
Agroindústria Aromas do Sítio (Nova Petrópolis)
Agroindústria de Sucos Lerin (Pinto Bandeira)
Agroindústria Sabores da Serra (Pinto Bandeira)
NÚMEROS DO PAVILHÃO
275 expositores, sendo 56 da Serra
106 municípios gaúchos participantes, sendo 25 da Serra
Os municípios da Serra com mais participantes são Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Flores da Cunha, Nova Petrópolis, Nova Roma do Sul e Pinto Bandeira, com quatro produtores cada.