A greve dos caminhoneiros afetou diretamente o desempenho da economia caxiense em maio. Mas o tombo poderia ter sido pior. A queda em relação ao mês de abril foi de 1,4%, mas no acumulado do ano e nos últimos 12 meses persiste alta em torno de 9%. Os números foram divulgados na tarde desta quinta-feira pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul.
A mais prejudicada foi a indústria, com recuo de 4,4% _ se comparado com maio de 2017, a baixa ficou em 2,5%. Poderia ser pior, informam empresários do setor, não fossem as negociações bem sucedidas com os colaboradores de recuperação dos dias não trabalhados devido aos protestos. Eles apostam no crescimento de 15% este ano. Os bons números devem ser puxados pelo setor automotivo.
— As empresas estão com boas carteiras de pedidos. Vai dar para recuperar — garante o diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Carlos Zignani.
Entre as preocupações das lideranças empresariais está o aumento do frete, um dos acordos fechados entre governo e caminhoneiros e que deverá ser repassado para o consumidor.
— A localização de Caxias prejudica a logística. Vai afetar ainda mais nossa competitividade — aponta Zignani.
Serviços voltaram a fechar no azul pelo terceiro mês consecutivo. Nessa área, no entanto, não há previsão de compensação. As perdas durante os protestos nas rodovias da Serra, como cancelamentos na rede hoteleira, não deverão ser recuperadas. O comércio fechou maio com incremento de 3%, mas foi menor que o mesmo mês de 2017, quando o impulso nas vendas chegou a 17,6%.
Reação tímida no comércio
Maio é um dos melhores meses para o comércio, devido a data do Dia das Mães. Só perde para dezembro. O deste ano, no entanto, foi atípico. O atraso da chegada do frio e a greve dos caminhoneiros impactaram os negócios. Mesmo assim, o crescimento foi de 3%. Se comparado com maio de 2017, no entanto, a queda chega a 4,3%. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, os números seguem no positivo.
As expectativas também são menos otimistas que do setor industrial. Ao contrário das empresas que mantém o ritmo de produção, nos dias de jogos do Brasil na Copa da Mundo, por exemplo, as lojas ficam vazias e o movimento nas ruas centrais é comparado ao de domingos. Os negócios perdidos no período dos protestos das caminhoneiros no comércio o nos serviços também não serão recuperados. Reservas em hotéis feitas para o período, não serão repostas.
— O mercado caxiense vem andando de lado. Agora, nos resta aguardar uma definição do cenário político para que o nó seja desatado e se crie expectativas que incentivem a retomada dos investimentos — informa o assessor de economia e estatística da CDL, Mosár Leandro Ness.
Em maio, o desempenho positivo do setor foi puxado pelos segmentos de vestuário, farmácias e joalherias, comprovando os dados apresentados pela CDL na pesquisa com consumidores para o Dia das Mães.
Inadimplência nas alturas
Uma das preocupações do comércio são os altos índices de inadimplência. O número de CPF's negativos atinge a barreira dos 79 mil. Esses dados estão crescendo desde junho de 2017, quando foram registrados 77 mil caxienses inadimplentes. De lá para cá, pelo menos 1,7 mil pessoas a mais entraram no vermelho.
Em 2018, o estoque de dívidas cresceu 35% e, no acumulado dos últimos 12 meses, a alta ultrapassou os 140%. Para o assessor Mosár Ness, um dos prováveis motivos para o aumento das dívidas está relacionado ao baixo índice de atividade econômica, que ainda não retomou de forma consolidada. Para o ano de 2018, a estimativa da CDL é de expansão de 8% do setor.
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