Carros, motos e ciclistas que passam buzinando e acenando. Agricultores que se unem ao protesto, levando tratores e carretas agrícolas (ou tuc-tucs) até onde os caminhoneiros estão aglomerados. Bandeiras do Brasil levantadas no canteiro central e agitadas a cada veículo que passa. Assim era o cenário, na tarde deste sábado, no Km 65 da ERS-122, próximo a Forqueta, em Caxias do Sul, um dos mais de 20 pontos de concentração da greve dos caminhoneiros na Serra.
— Não é só pelo diesel, é para todo o Brasil, é para mudar. Precisa de uma reforma — declarou o metalúrgico Fernando Mussoi, que há quatro dias se uniu às manifestações.
No início da tarde, mais de duas dezenas de vans, a maioria de transporte escolar e de pelo menos cinco diferentes empresas, também estava estacionada no acostamento do trecho, com cartazes de "#tamojunto".
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A agricultora Renita Regalin, do Vale Trentino, acabava de chegar em um trator da família.
— Já tínhamos vindo na quinta, e agora voltamos para deixar as máquinas. Estamos todos muito descontentes, é questão do diesel e dessa política que não contempla as necessidades do povo — desabafou. — Se houvesse uma política justa, não estaríamos reféns de um aumento dos combustíveis.
Paulo Jair Correa da Silva, que trabalha em uma empresa de modelagem nas proximidades, também vai diariamente até o ponto de manifestações para prestar solidariedade aos caminhoneiros:
— Que seja uma luta para melhor — declarou.
Enquanto alguns manifestantes faziam uma sapecada de pinhão próximo à via, em uma barraca ao lado dois barbeiros de Farroupilha faziam cabelo e barba dos manifestantes.
— Queremos fazer a nossa parte, não ficar só acompanhando pela tevê e pelas mídias sociais — disse o barbeiro Roberto Stamado.
Outro homem, que se identificou apenas como João, contou que viera de moto para se solidarizar.
— Se for preciso, vou trazer alimentos para eles.
Ainda não há previsão de quando as manifestações serão encerradas.