Com o impulso do câmbio, que ajudou a deixar os produtos gaúchos mais baratos no Exterior, o Rio Grande do Sul bateu recorde de exportações no primeiro semestre de 2016. Entre janeiro e junho deste ano, foram embarcadas 11,5 milhões de toneladas em mercadorias, o maior volume da série histórica iniciada em 1989. Os dados foram divulgados ontem pelo Núcleo de Dados e Estudos Conjunturais da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Em Caxias do Sul, os dados na Câmara de Indústria e Comércio (CIC) ainda não estão totalmente fechados. A especialista em Economia, Finanças e Estatísticas da CIC, Nara Panazzolo, adianta que a queda chega a 6,9% em relação ao primeiro semestre de 2015. O valor exportado ficou em US$ 322 milhões contra US$ 359 milhões nos primeiros seis meses de 2015.
– Mesmo assim, as exportações salvaram a situação econômica das indústrias caxienses – destaca Nara.
Ainda não há dados que quantas toneladas foram embarcadas, mas para o diretor de Economia, Finanças e Estatísticas da CIC, Mauro Corsetti, as exportações têm desempenhado papel fundamental para a economia da cidade, colaborando para amenizar a crise.Quem lidera as vendas externas é o setor metalomecânico, com destaque para empresas como Marcopolo, Randon e Agrale.
Outro segmento que tem apresentado crescimento, segundo Corsetti, é o de carne de frango.Argentina e Estados Unidos continuam como os principais mercados dos produtos caxienses, e a América Latina também apresentou crescimento. Já as importações realizadas pelas indústrias caxienses _ maquinário para atualização tecnológica, componentes intermediários e produtos básicos _ são predominantemente da China.
– Exportamos acima de US$ 700 milhões ao ano, e o saldo é mais da metade disso. A balança comercial de Caxias continua positiva, e melhorando – diz Corsetti.

No Estado
No RS, apesar do recorde de mercadorias embarcadas, a arrecadação com as vendas ficou em US$ 7,7 bilhões, o menor valor desde 2010. Um recuo de 4,4% (US$ 349,9 milhões) em relação ao mesmo período de 2015. A aparente contradição é reflexo da forte retração nos preços dos produtos exportados. As principais mercadorias produzidas pelo Rio Grande do Sul vêm perdendo valor no mercado internacional.
– O efeito do dólar teve certa importância no volume de vendas, mas a principal causa para o recorde de embarques foi, sem dúvida, a retração no mercado doméstico, que levou os produtores brasileiros a olharem para fora. O preço mais competitivo no cenário internacional também ajudou: 8 dos 10 principais clientes compraram mais. O entrave foi o valor das mercadorias, que vem caindo, e impactando no faturamento– afirma Tomás Torezani, pesquisador da FEE.
Com o resultado, o Estado perdeu uma posição no ranking nacional, passando para a quinta colocação, ultrapassando o Rio de Janeiro (em função da redução do preço do petróleo), mas sendo superado por Mato Grosso (pela forte elevação das vendas de soja e milho em grãos) e Paraná (pelo crescimento das vendas de soja em grão).
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS PELO RS
Soja em grão 24,8%
Fumo em folhas 7,2%
Polímeros plásticos 6,9%
Carne de frango 6,8%
Farelo de soja 5,2%
PRINCIPAIS DESTINOS DOS PRODUTOS GAÚCHOS
China (25,9%)
Estados Unidos (7,9%)
Argentina (7,7%)
Alemanha (2,6%)
Coreia do Sul (2,5%)