Convivendo com uma economia em queda livre desde a metade de 2014, o mercado em geral viu com certa esperança o prosseguimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que segue agora para o Senado após ter sido aprovado pela Câmara no último domingo. A possibilidade de alguma mudança no travado cenário econômico do país foi recebida com expectativa por empresários e investidores, avaliam analistas econômicos de Caxias. Por outro lado, preocupa o tempo que o processo de definição deve levar já que, enquanto as incertezas persistirem, a recuperação não deve dar nenhum sinal.
Confira as últimas notícias do Pioneiro
Para este primeiro momento, há duas tendências no mercado, acredita Mauro Corsetti, diretor de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC). A primeira é a esperança, já que o governo Dilma vem levando "a economia para baixo" e a presidente não demonstra "capacidade política e competência para governar":
- A segunda tendência é a de instabilidade, como ocorre em todo período de transição, especialmente na bolsa e no dólar. No geral, a economia vai continuar recessiva em 2016, pois foram dois anos de queda. A locomotiva foi morro abaixo muito tempo, para subir, agora, vai levar um tempo - analisa.
Embora a mudança nos indicadores econômicos deva demorar, Corsetti lembra que na Argentina, após a posse de Mauricio Macri em dezembro, ocorreu uma alteração rápida no clima de confiança do país . Para isso ocorrer no Brasil, porém, o diretor acredita que o governo precisa deixar claro que pretende ir na direção de alterações econômicas, com medidas como redução de gastos públicos e da dívida interna.
O chamado "efeito Macri" tem outro empecilho no país, destaca Maria Carolina Gullo, diretora do Centro de Ciências sociais da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Enquanto o novo presidente argentino representa a oposição ao velho governo, a possível entrada de Michel Temer no Brasil não é a solução ideal para o mercado:
- Tenho a sensação de que a população e o mercado querem passar a limpo o governo. A sensação é de que a queda de Dilma é a primeira etapa, mas não pode ser a última - analisa.
Para Maria Carolina, o mercado entra agora em um "compasso de espera", animado pela possibilidade de correção de curso e ao mesmo tempo preocupado com a demora que as mudanças irão levar:
- É um mix de esperança e de ansiedade.
Prosseguimento do impeachment
Esperança e ansiedade definem momento econômico, apontam especialistas de Caxias
Possibilidade de mudanças econômicas anima mercado, mas demora no processo preocupa
Ana Demoliner
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project