Posto de combustível sobrevive do alto volume de vendas da gasolina. Com margem reduzida de lucro, os proprietários apostam na necessidade do combustível para atrair mais consumidores e garantir a sobrevivência do negócio. A realidade atual, no entanto, está diferente. O consumo do combustível caiu mais de 20% em Caxias do Sul no primeiro trimestre de 2016.
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A estimativa do Sindipetro Serra Gaúcha se reflete nos 96 postos da cidade. Proprietário do Posto Cruzeiro, Guilherme Perizzollo diz estar sentindo na pele a crise do atual momento econômico.
- 60% dos nossos consumidores só abastecem o básico do básico. Ou seja, poucos enchem o tanque - relata.
Para o presidente do Sindipetro, Luiz Henrique Martiningui, o índice de queda é muito ruim, pois o segmento trabalha com margem de lucro reduzida.
- Os postos têm utilizado todas as ferramentas para tentar sobreviver - diz Martiningui.
Alguns chegaram a reduzir o valor por litro da gasolina comum (confira na tabela abaixo). Outros trabalham com descontos nos pagamentos à vista. A pesquisa ainda vale. A diferença pode chegar a R$ 0,31 o litro.
Mudança de hábitos
Assim como o setor mercadista, que registrou queda real de quase 2% no Estado e mais de 10% em alguns supermercados de Caxias, nos postos o comportamento do consumidor também mudou. As pessoas estão gastando menos e colocam no tanque apenas a gasolina necessária para um determinado destino.
- A média gasta em cada abastecimento é de R$ 50. Dificilmente alguém enche o tanque - diz o gerente do Posto da Júlio, Dicson Borges.
Nos sete anos em que trabalha no posto, esta é a primeira vez que Borges enfrenta uma redução tão forte no consumo.
- Não lembro de outro momento parecido.
O recuo no consumo de alimentos também afeta o abastecimento na bomba.
- O transporte de mercadorias reduziu. Com isso, caminhões abastecem menos óleo diesel - lembra Martiningui.
Perizzollo aponta três motivos básicos para o atual cenário:
- Os últimos reajustes foram uma medida desesperada da Petrobras e estão desalinhados com o mercado internacional. A volta da inflação. E, por último, o absurdo aumento dos impostos.
Ele cita como exemplo a taxa ambiental cobrada dos postos. Até o ano passado, os proprietários desembolsavam quatro parcelas de R$ 450 por ano para manter o negócio funcionando.
- Este ano o valor subiu para quatro parcelas de R$ 1.180. Reajuste de 158%. Um absurdo - reclama Perizzollo.
O lado bom na mudança de comportamento dos consumidores é que estão cientes de que a culpa não é dos proprietários.
- Ele (o motorista) xinga o preço e não o frentista.
*Colaborou Kamila Mendes
Queda
Consumo de gasolina cai mais de 20% nos postos de Caxias
Cada motorista gasta, em média, R$ 50 para abastecer. Poucos enchem o tanque
Ivanete Marzzaro
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