
As incertezas que rodeiam o cenário político do país seguem refletindo diretamente na economia de Caxias. Somente em 2016, o desempenho da cidade já acumula prejuízos de 14,5%. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo é ainda mais expressivo e atinge 19%. Nesse ritmo, especialistas apontam que 2016 deve encerrar próximo do "empate" com 2015, ou seja, não registrar nenhum crescimento nem mesmo ao ser comparado com um ano que teve queda de 18,7% em relação a 2014.
O desempenho tão desacelerado de Caxias é resultado principalmente do motor econômico da cidade: a indústria de bens de capital. Com os investimentos e o consumo em baixa, o setor sofre ainda mais que os demais:
- Quem vai comprar ônibus, caminhão, renovar frota, nesse clima político? Não temos expectativa de crescimento para a cidade neste ano, enquanto a situação se manter com tantas indefinições - resume Carlos Zignani, vice-presidente de Indústria da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC). A entidade, juntamente com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), divulgou os números de fevereiro nesta terça-feira.
Em meio a muitos dados negativos, um índice ao menos amenizou os resultados econômicos mais recentes. O acumulado de 12 meses da indústria, pela primeira vez em 25 meses, não caiu no último mês, embora ainda atinja danos de 23%.
- O resultado mostra que talvez tenhamos chegado ao fundo do poço. Se continuarmos a apresentar quedas menores nos próximos meses e esse índice melhorando, já será um alento - avalia Maria Carolina Gullo, diretora de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
O setor de serviços, que demorou mais para sofrer os impactos da crise, agora mostra que entrou de vez no clima de retração. Em 2016, o segmento acumula prejuízos de 8,9%.
- Serviços cai muito pela mudança de hábitos do consumidor. A pessoa que antes ia todo mês no salão de beleza, agora vai de três em três meses. Quem ia sempre na academia, vai menos ou trocou por outra mais barata. Muita gente que almoçava fora, perdeu o emprego. Tudo isso impacta em serviços - explica Zignani.
Em relação a janeiro deste ano, o desempenho de Caxias em fevereiro apresentou resultado estagnado de 0,2%. A indústria e o comércio até cresceram, já que o primeiro mês do ano foi marcado por férias coletivas.
Comércio tem queda de 28,7% em 12 meses
Com prejuízos acumulados de 28,7% em 12 meses, o comércio caxiense vem registrando baixas nas vendas em praticamente todos os segmentos. O ramo automotivo (que envolve automóveis, caminhões e autopeças novos) desponta como o mais prejudicado, com queda de 48,14% em 12 meses. O segmento de informática e telefonia aparece em segundo lugar, com baixa de 29,79%.
- O consumo das famílias vem caindo muito e isso impacta diretamente nas vendas - ressalta Mosár Leandro Ness, assessor de Economia e Estatística da CDL.
A inadimplência é outro reflexo da crise. Atualmente, conforme dados do SPC da cidade, há 74,9 mil pessoas endividadas na cidade. No mesmo período do ano passado, o número era de 66,9 mil. O acréscimo, portanto, é de 8 mil inadimplentes.