Muito antes de Caxias ser considerada o segundo maior polo metalmecânico do país ou de sequer existir a Marcopolo e a Randon na cidade, Carlos Finimundi já era empresário do setor. Em 1º de março de 1945, juntamente com Marciano Dambroz e Severino Dal Bó, já falecidos, ele iniciou a fundação da Dambroz S.A. Neste domingo, portanto, a empresa e Finimundi completam 70 anos de trabalho. Sim, porque mesmo com 93 anos de idade, o fundador da empresa segue cumprindo uma jornada diária na companhia.
Na época em que a Dambroz nasceu, Finimundi atuava como torneiro mecânico na empresa que até então só fazia consertos de artigos de serralheria em geral. Mais tarde foi matrizeiro, chefe de setor, técnico e criador de mecânica, conforme a companhia crescia e expandia os negócios. Atualmente, a Dambroz atua com fundição de aço, usinagem, implementos rodoviários e peças de mineração.
No ano em que a empresa foi criada, lembra Finimundi, a Eberle e a Gazola eram as únicas empresas grandes da cidade. Foi inclusive na Eberle que ele trabalhou por seis meses juntando verba para entrar na sociedade da Dambroz.
- Era o começo de tudo mesmo (do setor metalúrgico caxiense). Tínhamos pouco dinheiro, pouca experiência, mas muita vontade - lembra.
Ao longo de sete décadas, Finimundi vivenciou muitas crises e períodos conturbados da economia nacional e internacional, como a ditadura e a época da hiperinflação. Cita a morte de Getúlio Vargas, na década de 1950, como o pior momento, já que a insegurança norteava os negócios do período.
- Passamos por inúmeras crises e elas sempre foram vencidas. A de agora está sendo difícil também, mas nunca fui descrente - revela.
A experiência de quem superou tantas dificuldades tem ajudado os atuais gestores da Dambroz a superar o momento complicado, já que a companhia está em processo de recuperação judicial. O apoio do fundador, por sinal, não é esporádico: diariamente, Finimundi vai (dirigindo!) para a empresa às 8h e fica ate as 11h30min na matriz (bairro Sagrada Família) e, à tarde, permanece das 13h30min às 16h30min na unidade de implementos rodoviários (bairro De Lazzer).
- Aos finais de semana eu também venho um pouco, converso com os guardas, vejo alguma coisa que posso melhorar - relata.
A fórmula de tanta disposição para o trabalho mesmo depois de 70 anos de atividade, acredita, envolve coleguismo e produtividade:
- A pessoa tem que ser metódica, saber perder menos tempo possível. Também tem que aprender a trabalhar em equipe, ter ética e ser companheiro dos colegas - ensina.
Na última quarta-feira, uma celebração com os funcionários da Dambroz marcou as sete décadas de dedicação de Finimundi. A empresa conta hoje com um time de 400 trabalhadores.
Longevidade industrial
Carlos Finimundi, um dos fundadores da Dambroz, completa 7 décadas de trabalho neste domingo
Com 93 anos, empresário mostra confiança no setor metalmecânico
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