Empresários e economistas de Caxias mostram preocupação com saída de indústrias da cidade

A preocupação com a perda da força da indústria - principal motor econômico caxiense - vem ganhando força. O setor, que acumula prejuízos de 8,9% no ano e já fechou mais de 5 mil vagas em 12 meses, não recua apenas pela conjuntura desfavorável: cai também pela fuga de empresas. Nesta segunda-feira, empresários e economistas do Conselho de Economia e Finanças da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias admitiram que a expansão para fora do Estado é uma realidade e engrossaram o time de apreensivos com o tema na divulgação da Carta Econômica, documento que contém análises do grupo sobre o cenário, além de recomendações às empresas.

A perda da competitividade se deve principalmente aos altos custos salariais e de logística, detalham os especialistas. Esses dois aspectos, juntamente com outras dificuldades, estão levando empresas e investimentos para outras região. Nos últimos meses, empresas como Volare (do grupo Marcopolo), Agrale, Randon e Neobus anunciaram expansões para outros estados.

- O empresário vai em busca de maior eficiência do capital. Não adianta a prefeitura apelar para o sentimentalismo para as indústrias não saírem daqui. O importante é perceber esse processo de migração e tomar ações concretas, investindo em serviços de valor agregado, como polos de tecnologia. Se isso não acontecer, daqui 20, 30 anos podemos nos tornar em uma Detroit (cidade americana que já foi considerada a capital do automóvel e chegou a pedir falência no ano passado) - acredita Alexander Messias, diretor da CEEM e da CIC.

O custo das taxas e de infraestrutura são outros fatores citados para a desindustralização da cidade. Astor Schmitt, que faz parte do Conselho da CIC e é conselheiro das Empresas Randon, exemplifica o drama dos empresários:

- O custo com logística que já foi de 7%, 8%, hoje chega a 20%, então praticamente triplicou. As empresas tradicionais de Caxias não vão sair da cidade, mas com o cenário atual certamente não vão expandir aqui - avalia.

Além da falta de estímulos para as empresas já instaladas em território caxiense, o documento da CIC lembra ainda que "inexistem ou são muito limitados os incentivos para empresas virem a se localizar em Caxias".