O dissídio da principal classe trabalhadora da cidade tem grandes chances de ser decidido nesta sexta-feira. A partir das 14h, ocorre no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Porto Alegre, a segunda - e última - audiência de conciliação entre patrões e empregados metalúrgicos. Ambas as partes revelaram ao Pioneiro o interesse de fechar o reajuste no encontro. Se a reunião terminar sem consenso mais uma vez, o processo será julgado pela Justiça.
Na primeira audiência, embora o acordo não tenha saído, novas propostas surgiram na mesa: o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) aumentou para 6,5% o reajuste salarial (contra 6,08% anteriormente, que é a inflação acumulada de 12 meses), e o sindicato dos trabalhadores baixou a reivindicação para 9%, ante 13,5% solicitada inicialmente.
No primeiro encontro na Justiça, a desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse sugeriu o índice de 8% de aumento. O presidente da entidade dos trabalhadores, Luis Carlos Ferreira, o Luisão, destaca que a proposta do Judiciário chegou a ser aceita pelos metalúrgicos:
- Fechar o dissídio em 8%, com alguma evolução nas cláusulas sociais, nos parece um acordo equilibrado, pois assim teremos ao menos um pouco de aumento real. Agora 6,5% representa um aumento de apenas 0,42 ponto percentual acima da inflação, o que é um valor muito insignificante. Estamos com expectativas de fechar a audiência com acordo, mas não podemos ser os únicos a ceder - acredita.
O presidente do Simecs, Getulio Fonseca, também reforça a vontade da entidade em decidir o dissídio da categoria que abrange mais de 50 mil trabalhadores. O executivo ressalta, porém, que não há como não considerar o atual cenário de incertezas na hora de determinar o índice.
- Temos confiança que vamos fechar o reajuste amanhã (sexta), mas não podemos aprovar nada que comprometa a manutenção dos postos de trabalho - aponta Fonseca, acrescentando que novas empresas devem adotar a flexibilização da jornada de trabalho nas próximas semanas, seguindo a iniciativa aprovada na Randon nesta semana, o que sinaliza as dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor.
Antes da negociação deste ano ser levada à alçada da Justiça, três reuniões ocorreram em junho sem avanços. O sindicato dos trabalhadores chegou a decretar estado de greve e promoveu manifestações nas últimas semanas. O dissídio deste ano já é considerado o mais difícil da última década.
Dissídio próximo de uma solução
Metalúrgicos de Caxias e patrões se reúnem na Justiça nesta sexta e esperam chegar a um acordo
Se o encontro terminar sem consenso mais uma vez, a decisão passará por julgamento do TRT
GZH faz parte do The Trust Project