Em meio à desaceleração financeira que preocupa as indústrias, patrões e trabalhadores do setor metalúrgico, a principal classe trabalhadora da Serra, protagonizam um dos mais complicados dissídios da última década. Depois de três reuniões sem avanços - com a entidade patronal oferecendo reajuste salarial de 6,08% (apenas a inflação em 12 meses) e o Sindicato dos Metalúrgicos pedindo 13,5% -, os empresários ingressaram na Justiça na última semana para buscar uma solução para o impasse.
Em contrapartida, os trabalhadores decidem na sexta-feira, em assembleia, os rumos da campanha e não descartam entrar em greve. Nesta semana, assembleias em portas de fábricas foram realizadas pelos metalúrgicos convocando para o encontro.
Embora rara, essa não é a primeira vez que as negociações do dissídio dos metalúrgicos chegam ao âmbito da Justiça. Em 2007, após rodadas de negociação intermediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o índice foi fechado em 6,5% (veja abaixo), 1,3 ponto percentual acima da proposta dos empresários e 5,5 ponto percentual abaixo do que solicitavam os metalúrgicos. Na época, os trabalhadores reivindicavam 12% e os patrões ofereciam 5,2%. A decisão naquele momento pendeu mais para o lado do Simecs.
- A diferença é que em 2007 pedimos apenas uma intermediação e dessa vez já apresentamos nossas argumentações. Como não houve qualquer avanço nas negociações, fomos direto pra última etapa, como medida preventiva para a situação não se alongar - explica Getulio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
Mesmo assim, acredita Odacir Conte, diretor-executivo da entidade patronal, é provável que a Justiça convoque uma audiência para tentativa de acordo antes de julgar o processo. A assessoria do TRT confima que o procedimento é realizado em boa parte dos casos. Depois da mediação, se nada for acordado, a Justiça define a sentença.
- Pelo que tenho observado, o parecer final depois da audiência sai entre três e cinco meses. E se não concordarmos também podemos recorrer ao Supremo Tribunal -ressalta.
A iniciativa do Simecs de levar o assunto à alçada da Justiça não foi bem recebida na diretoria do sindicato dos trabalhadores. Para discutir os rumos da campanha foi marcada, inclusive, uma assembleia para sexta-feira de manhã.
- Como não tem mais diálogo com o Simecs, decidiremos se iremos continuar as negociações individualmente, com cada empresa, como fizemos com as reclamações do calor excessivo no verão, ou se tomaremos outras medidas, como entrar em greve - adianta o presidente em exercício da entidade dos trabalhadores, Luis Carlos Ferreira.
O encontro será em frente ao sindicato dos trabalhadores, às 10h.
