As dificuldades econômicas alegadas pela indústria caxiense - que motivaram, inclusive, algumas gigantes do setor a adotar a flexibilização da jornada de trabalho nas últimas semanas - foram questionadas nesta segunda-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região. Pela manhã, a entidade promoveu um encontro no Personal Royal Hotel para detalhar a campanha salarial 2014 às autoridades locais e à imprensa.
Na ocasião, Assis Melo, presidente do sindicato dos trabalhadores, afirmou que há no país uma "tentativa de se construir uma crise". Para o dirigente e pré-candidato a deputado federal pelo PCdoB, os argumentos de desaceleração no setor industrial são para "diminuir a autoestima do povo".
- Notamos uma tentativa de intimidação e essa é a lógica do capital: intimidação e apavoramento - destaca Assis.
Para reforçar a ideia de que a indústria não passa por um momento delicado, David Fialkow Sobrinho, assessor econômico da entidade dos trabalhadores, apresentou alguns dados no detalhamento da campanha salarial. Randon, Agrale e Marcopolo, por exemplo, citou ele, cresceram no último ano.
- A posição empresarial tem dupla face. Uma coisa é o discurso que fazem para nós (trabalhadores) e outra completamente diferente é o apresentado para os investidores - pontua o economista.
Fialkow também admitiu que o primeiro trimestre foi de queda na indústria local, mas segundo ele, o período sempre é o pior do ano em função das férias e do Carnaval. O segundo semestre, ressalta, é sempre melhor.
- O que queremos mostrar é que a trajetória da indústria caxiense é ascendente com oscilações momentâneas. A isenção e a técnica, portanto, não recomendam tomar o episódio de baixa como tendência - explica.
Ainda conforme o estudo de Fialkow, os salários e remunerações representam 12,6% de peso no total da Receita Líquida de Vendas das empresas do setor metalúrgicos e que, portanto, uma elevação de 13,5% - índice sugerido pelo Sindicato dos Trabalhadores - resultaria em um acréscimo de 1,7%.
Ainda nesta segunda, a pauta de reivindicações da entidade será entregue ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
:: AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES::
Reajuste de 13,5%
Piso de R$ 1,5 mil
Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais
Transporte e alimentação subsidiados
Auxílio-creche para crianças de até 5 anos
Igualdade salarial entre homens e mulheres no caso de mesma função
Auxílio-lanche para estudantes
Contratação de mensalistas como horistas
Intervalos de 10 minutos a cada 2 horas trabalhadas, conforme a Norma Regulamentadora 15
Aplicação da NR 12 que trata de segurança no trabalho
Dissídio em debate
Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias questiona crise na indústria e apresenta campanha salarial
Categoria reivindica 13,5% de reajuste, além de cláusulas sociais como redução da jornada de trabalho e equiparação salarial entre homens e mulheres
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