Assim como a agricultura, outra atividade econômica da Serra demonstra cada vez mais estar com os sucessores ameaçados: o artesanato. Parte das causas apontadas para a debandada, por sinal, são semelhantes ao do meio rural: a desvalorização da atividade e a falta de incentivos públicos.
Na Serra, existem cerca de cinco mil artesãos - mais de dois mil somente em Caxias, conforme a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego -, mas estima-se que apenas 20% conseguem viver apenas com a renda ligada à arte. Se no caso da agricultura, o cenário preocupa pela possível escassez de alimentos, no artesanato a falta de sucessores é sinônimo de perda cultural.
Para tentar evitar que a prática deixe de existir, o Ponto de Cultura Costurando Sonhos, de Forqueta, promove oficinas de dressa (palha de trigo trançada que, interligada, forma bolsas e chapéus), pintura e macramé (técnica de tecelagem) desde 2011. A baixa valorização da atividade, porém, impede que a prática se difunda mais.
- Dificilmente os artesãos conseguem viver exclusivamente da prática. Aqui em Forqueta, mesmo sendo um bairro de tradição no artesanato, somente quem domina várias técnicas ou, então, ensina a atividade consegue se manter com a arte - explica Sandra Bonetto, coordenadora do Ponto de Cultura.
Além dos professores, os artesãos que produzem itens com maior utilidade - que ultrapassam o limite da decoração - também costumam se manter com a arte. A constatação é de Rosangela Pessato Cornutti, presidente da Associação Caxiense de Artesãos (Ascart), que reúne cerca de 25 profissionais.
A falta de uma identidade é outro fator que atrapalha a divulgação da atividade e dos itens produzidos, já que não há um material ou um tipo específico de artesanato que caracterize a região.
- Isso faz muita falta para Caxias. Já fizemos reuniões para debater a questão, mas não houve progressos - relata Rosangela.
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