Apesar de ser palco da Festa Nacional da Uva, o solo caxiense ocupa apenas a quarta posição no ranking dos maiores produtores da fruta no Estado, bem atrás de Bento Gonçalves, Flores da Cunha e Farroupilha. O mais preocupante para o setor vinícola, porém, não é a ausência do município no pódio dos mais representativos e sim a tendência de perda ainda maior de espaço no mercado. Nos últimos anos, a produção da protagonista da festa diminuiu consideravelmente em Caxias, bem como o total de uva processada para vinhos e derivados.
Em 2012, conforme a Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram colhidas 70.050 toneladas de uva em terras caxienses, enquanto no ano passado o número não passou de 50.945 toneladas, apontam dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). A queda, portanto, chegou ao expressivo índice de 27,27%, superando em quase 8% a baixa do Estado, que foi de 19,41%.
Com a baixa, a representatividade de Caxias na produção estadual de uva caiu de 9% para 8%. Para se ter uma ideia, Bento Gonçalves, sozinha, é responsável por mais de 18%. A produção de vinhos e derivados também vem diminuindo. Enquanto o total de uvas processadas caiu 13,72% no Estado de 2011 para 2013, em Caxias a queda foi de 17,43%.
Se a cidade vem perdendo terreno quando o assunto é a produção da fruta que é a estrela da principal festa da cidade, o mesmo não ocorre com outras culturas. A tendência de diversificação, destaca o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, norteia a agricultura caxiense.
Por outro lado, ressalta ele, a uva segue sendo líder em se tratando de envolvimento comunitário, já que há mais 1,8 mil propriedades rurais com viticultura na cidade. Um exemplo de caxiense inserido no setor e na Festa da Uva é Luiz Bampi, 89 anos.
Para a grande maioria dos caxienses, analisar a evolução da Festa da Uva ao longo dos mais de 80 anos de existência exige um tempo de leitura e pesquisa. Para ele, porém, basta recorrer à memória.
O agricultor de São Virgílio da 2ª Légua lembra que, quando ainda era criança, foi a cavalo com o pai e com caixas de uva na garupa para a primeira edição do evento. Desde aquele ano, a família Bampi seguiu renovando a relação com a festa e nunca deixou de participar.
- Acho que o que mais evoluiu foi o desfile. Antes os carros eram bem velhos, já agora eles estão modernos - aponta Bampi.
Leia mais sobre o assunto no Pioneiro desta quinta-feira.
Protagonista perde espaço
Produção de uva e vinho vem caindo mais que a média do Estado em Caxias
Cidade que sedia a festa nacional da fruta é a quarta no ranking da Serra
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: