O assunto do momento na mesa de discussões do maior setor produtivo em Caxias do Sul é o calor. As altas temperaturas mobilizam os metalúrgicos e determinam medidas emergenciais por parte das fábricas. Incomuns na Serra gaúcha mesmo no verão, as altas temperaturas, superiores aos 30º, impuseram alterações na rotina de trabalho.
Pressionadas por paralisações promovidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos ou espontaneamente, as empresas começaram a adotar nesta semana medidas para amenizar o impacto do clima. A entidade sugeriu em uma reunião com o sindicato patronal que se reduzisse a jornada de trabalho de 8h48min para 6h e que ninguém trabalhasse do meio-dia às 18h. As empresas não concordaram. Porém, implantam alternativas. Até sexta-feira, oito delas haviam definido ações emergenciais, como intervalos para descanso, instalação de bebedouros e de climatizadores.
- O mundo do trabalho evolui, as empresas precisam se adaptar e melhorar as condições de trabalho. No momento o calor é um empecilho para os trabalhadores realizarem suas atividades - disse o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Leandro Velho.
_ A redução de jornada não vai resolver o problema. O calor tem que ser resolvido por meio de algumas ações que as empresas têm que fazer, por exemplo, ventilar, colocar água gelada no ambiente _ destaca o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Reomar Slaviero.
Não sofre só quem lida na fundição, fornos e soldas das fábricas. Os trabalhadores que atuam na rua também. Tanto é que uma das reivindicações dos funcionários dos Correios, em greve desde o dia 30 de janeiro, é a mudança de horário da entrega de correspondências (atualmente ela começa no final da manhã, no pico de calor).
O serviço público municipal também se adapta às altas temperatura. Não houve alterações de horários, e sim mudanças nos tecidos das roupas usadas e melhorias na infraestrutura. Os funcionários da varrição da Codeca, por exemplo, ganharam uniformes mais leves. Já as oficinas da Secretaria de Obras e Serviços Públicos receberão em breve a mesma pintura especial dos Pavilhões da Festa da Uva. No espaço que abrigará o maior evento da cidade entre 20 de fevereiro a 9 de março, a expectativa é de que a tinta com ação impermeabilizadora aplicada nos telhados reduza em até 6ºC a temperatura.
- O pessoal que mais sofre é das oficinas mecânicas. O pavilhão da oficina recebe muitas horas de sol - conta o secretário Adiló Didomenico.
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