Como estratégia para minimizar os impactos da escassez de pedidos até o final do ano, a Marcopolo abre votação nesta terça-feira para os funcionários da unidade de Ana Rech decidirem se aceitam ou não a flexibilização da jornada de trabalho. A medida objetiva adequar a demanda de trabalho ao tempo que os empregados ficam na empresa, já que a expectativa é que a produção retorne ao normal no primeiro semestre de 2014. Embora o caso da Marcopolo esteja sendo tratado como "pontual e isolado" por parte dos representantes do setor, os efeitos dessa queda na produção devem aparecer também em outras empresas que prestam serviços para a gigante caxiense.
A Marcopolo, destaca Reomar Slaviero, vice-presidente de Indústria da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), é uma das grandes âncoras da cidade (juntamente com Randon, Agrale, Guerra, entre outras). Em função disso, qualquer queda na produção acaba atingindo também os inúmeros fornecedoras da gigante.
- A Marcopolo, assim como as outras grandes, faz parte da ponta da cadeia produtiva, então os efeitos nas demais chegam depois. Ainda é cedo para dimensionar, mas com certeza outras empresas sentirão os impactos dessa queda - destaca Slaviero.
Até o momento, segundo Leandro Velho, presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, apenas a Neobus tem apresentado redução no quadro de funcionários, além da Marcopolo. O movimento se explica pelo fato das duas serem fabricante de ônibus.
A diminuição dos pedidos nesse setor, explica Getulio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), está ocorrendo em função da renovação das concessões rodoviárias anunciada pelo governo. As incertezas do setor sobre como irão funcionar essas licitações vêm inibindo o mercado:
- Como o tema não está claro ainda, as empresas de transporte têm segurado os investimentos até saberem quais concessões terão. É mais um movimento de voo de galinha do governo e quem está pagando é a indústria - aponta Fonseca.
Além da questão das concessões rodoviárias, o diretor de Recursos Humanos da Marcopolo, Carlos Magni, ressalta que as manifestações populares que ocorreram pelo país em junho e julho também contribuíram para a diminuição dos pedidos. Como em boa parte dos municípios os protestos resultaram em queda na tarifa do transporte coletivo, a maior parte das empresas cessaram a renovação da frota.
Leia mais sobre o assunto no Pioneiro desta terça-feira.
Caso isolado, mas nem tanto
Queda de produção na Marcopolo, de Caxias, deve afetar outras empresas da Serra
Funcionários da gigante caxiense decidem nesta terça-feira se aceitam a flexibilização da jornada de trabalho
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