O recém sancionado aumento de 14,75% no salário mínimo regional e o movimento contra a desindustrialização, que conta com a adesão de funcionários e empregados não só do setor industrial, mas também do comércio, devem inflamar as negociações salariais esse ano. Na manhã desta quarta-feira, o movimento Grito de Alerta - que levou cerca de 1,1 mil empresários e trabalhadores caxienses a Porto Alegre no último dia 26 - chegou a São Paulo.
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Caxias do Sul e Região, que entregou no último dia 21 a pauta de reivindicações para a entidade patronal, não será fácil obter um índice parecido com o conquistado no ano passado, de 9%:
- A situação preocupa a todos pois a indústria é uma corrente que puxa os outros segmentos, não seria só ela afetada diretamente. Mesmo assim, acreditamos que não vá atrapalhar muito a negociação - estima.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Getulio Fonseca, se percebe uma consciência maior entre os representantes dos trabalhadores metalúrgicos esse ano. A maior preocupação, segundo ele, é o índice acima de 14% do reajuste do mínimo regional. A produção abaixo da capacidade instalada é outro motivo para apreensão.
- Em função das mudanças na norma ambiental, foram vendidos muitos caminhões até dezembro, então ficou um estoque. Talvez até o final de abril essa situação já se normalize, aí não teremos ambiente para negociar - projeta Fonseca.
Para o atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias e Região, Leandro Velho, internamente a entidade já está conversando sobre as reivindicações sociais e que os acordos fechados pelas demais categorias servem de parâmetro.
- O piso regional vai influenciar muito para equipararmos os nossos pisos - antecipa Velho.
A indústria da construção civil já definiu o reajuste de 9,95% a partir da folha de pagamento de março, resultado acima do esperado, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, Antônio Olirio Santos Silva.
- A negociação sempre é difícil, mas a argumentação principal foi que atividade na construção civil está em um patamar muito bom e assim deve continuar em todo o país pelas obras de infraestrutura, mesmo que os empresários digam que vá haver um desaquecimento - explica.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias (Sinduscon), Valdemor Trentin, um dos motivos para o reajuste vitaminado é reter o pessoal capacitado, pela escassez de mão de obra especializada.
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Salários
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Reajuste de acima de 14% no salário mínimo regional também influencia acordos
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