Com produção de vinhos cinco vezes maior do que a brasileira, Argentina aposta em tecnologia para qualificar produção

A Argentina aposta numa conjugação de fatores que envolvem desde solo e clima apropriados para a produção de uvas finas para vinhos até investimento em tecnologias para melhorar a qualidade da bebida que virou sinônimo do país. Com uma área plantada 2,5 vezes maior do que a do Brasil, a produção de vinhos chega a 1,6 bilhão de litros na Argentina (cinco vezes mais do que a brasileira).

_ O clima seco de Mendoza faz nossos vinhedos serem praticamente orgânicos, já que a baixa umidade reduz a aparição de pragas de insetos nas videiras. Por outro lado, a amplitude térmica do verão favorece a boa maturação e concentração de aromas e cor nos grãos _ explica Mario Giordano, gerente geral da Wines of Argentina, associação que estimula a qualificação e exportação de vinhos.

Além das características naturais, a Argentina investiu em modernização de vinhedos e equipamentos especialmente a partir dos anos 1990, com incentivos da política econômica da época. Nos 2000, as vinícolas se voltaram fortemente ao mercado externo. Com isso, apostaram em tecnologias novas de produção de vinhos. A mecanização na colheita também avançou. A vinícola Catena Zapata, de Mendoza, conta com duas máquinas, uma própria, comprada este ano, e outra alugada, que devem colher cerca de 300 hectares nesta safra. Dos 1,8 mil hectares do grupo, 700 são de espaldeiras.

_ Qualitativamente, não encontramos diferença na colheita com máquina. A perda é um pouco maior, de 4%. Mas, com a máquina, sabemos exatamente quanto vamos colher por dia _ diz o diretor de vinhedos da Catena Zapata, Luis Reginato.

A New Holland deve lançar a Braud, mesma máquina utilizada nos vinhedos da Catena Zapata, este ano no Brasil. O gerente marketing de produto da empresa no Brasil, João Rebequi, garante que será possível utilizar a colhedora, que é autopropelida, até mesmo em alguns terrenos acidentados da Serra gaúcha. Hoje, a máquina trabalha num terreno em declínio de até 20%.

Leia mais sobre a evolução da vitivinicultura na Argentina e o uso de máquinas na colheita de uva no Pioneiro deste final de semana.