Em meio a negociações na Câmara para a votação da Medida Provisória (MP) de reajuste das aposentadorias de valor acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social, o chefe do gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, afirmou que o governo fez a sua parte ao conceder o aumento de 6,14%, em vigor desde o dia 1º de janeiro.
- Não temos complexo de culpa quanto a isso. Nosso governo fez a sua parte - disse.
Carvalho considerou haver uma dívida do país com os aposentados, mas que o governo tem de agir com responsabilidade, porque todos os reajustes na área da Previdência têm impacto nas contas futuras.
Hoje à tarde haverá uma nova rodada de negociações entre os líderes da Câmara e do Senado para discutir mais uma vez o índice de reajuste.
O líder do governo na Câmara e relator da MP, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), vai colocar o índice de 7% em seu parecer para ser lido na sessão de hoje à tarde do plenário. Os deputados e os senadores da base anunciaram o voto no percentual de 7,71%, contrariando o governo e Lula.
Na MP, Lula fixou o reajuste em 6,14%, mas aceitou os 7% negociados por Vaccarezza. A previsão é que a discussão comece hoje, mas que a votação da MP fique para amanhã.
A polêmica
- Na última semana de dezembro de 2009, o governo federal editou uma medida provisória - a 475/09 - estabelecendo uma correção de 6,14% para os benefícios superiores a um salário mínimo. O impacto anual nas contas da Previdência Social foi calculado em R$ 3 bilhões. O reajuste de 7,71% exigiria uma liberação adicional de R$ 1,8 bilhão.
- Para os técnicos do governo, as contas públicas não têm condições de suportar esse aumento.
- O acordo proposto por Vaccarezza, de reajuste de 7%, vai exigir um desembolso de mais de R$ 1,1 bilhão por ano do governo.