Espécie de minicenso concentrado em uma das áreas mais carentes de Caxias do Sul, mas talvez uma da que reúna os maiores potenciais criativos, o projeto “IN.fluenciando a ZN” irá visitar famílias e mapear as comunidades de sete bairros da cidade. A partir desse diagnóstico, será oferecida uma série de oficinas gratuitas para levar arte, cultura e mais opções de renda para a população da Zona Norte.
O nome faz um trocadilho com a associação cultural Fluência Casa Hip Hop, proponente do projeto. Durante os três próximos meses, assistentes sociais irão visitar cerca de 700 famílias, levantando informações culturais, de hábitos, costumes, influências e afinidades. A equipe também fará reuniões com coordenadores de serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, e reuniões com os presidentes das associações de moradores dos bairros contemplados.
– A gente está sempre nessa busca muito ativa. Os pilares da Fluência são as oficinas de rap, break dance, graffiti e DJ, e nosso esforço nos últimos anos tem sido para aprovar projetos e conseguir apoios que nos permitam desenvolver esse trabalho. Mas isso também tem feito aumentar nossa percepção do que é a Zona Norte, este território onde estamos inseridos (no bairro Santa Fé), o que os artistas e educadores sociais que estão aqui precisam, que tipo de capacitações, e no que a gente pode ajudar. A Fluência não quer ser o fim, mas sim o meio do caminho para uma sociedade com mais acesso à cultura – destaca Fran Minuzzo, uma das idealizadoras da Fluência.
Além das ações a serem desenvolvidas com base no diagnóstico, sete oficinas estão programadas para este semestre: em fevereiro e março, Reciclagem de Materiais, Educação Financeira e Elaboração de Projetos Culturais; em abril, Gestão de Carreira Artística. De março a novembro, irão ocorrer oficinas de Arte, Educação e 180 horas de formação em Breaking.
– Os dados de Censo da Zona Norte estão muito defasados, e a gente tem um desejo de conhecer quais são os costumes, as necessidades, e como vive a nossa comunidade, para poder trazer coisas que façam mais sentido para as pessoas de qualquer idade. Por isso que, nesse projeto, estamos trazendo oficinas que vão além dos elementos do hip hop, incluindo também culinária, costura e outras que irão surgir futuramente. Algo que possa fazer o conhecimento reverberar e durar para além dos 12 meses do projeto – acrescenta Fran
Todas as formações são gratuitas e voltadas à comunidade da Zona Norte (bairros Vila Ipê, Belo Horizonte, Centenário, Canyon, Fátima Baixo, Santa Fé e Colina do Sol). As inscrições já podem ser feitas pelo Instagram @fluenciacasahiphop, acessando o link da bio.
AUDIOVISUAL
Além do estudo de campo e das oficinas, outro braço do projeto prevê a produção de uma websérie, “Chapa Quente”, que irá debater temas atuais, como os caminhos da cena hip hop, representatividade feminina, desafios da arte periférica, entre outros. Outra atividade é a produção de um minidocumentário, previsto para dezembro, compilando imagens, entrevistas e depoimentos sobre a realização do “IN.fluenciando a ZN”. Ambos os conteúdos irão entrar no canal da Fluência no YouTube.
O projeto é viabilizado pelo edital FAC Territórios Criativos, lançado pela Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul.