A capa do disco Moment in Paradise faz um paralelo interessante com a própria história do instrumentista caxiense Eloy Fritsch. Na ilustração, um jovem garoto navega num bote guiado por um caminho formado por um gigante e imaginário teclado, instrumento que acompanha Fritsch desde a adolescência. O ponto de chegada nessa viagem é um mundo mágico de onde brota vida e beleza, mais ou menos uma metáfora para a representação da música na vida do tecladista.
– Acho que a música é um paraíso não só para mim, estamos num momento no qual ela serve de refúgio para várias pessoas. Este disco foi uma maneira de eu me refugiar também no ato de criação, de maneira que eu pudesse exteriorizar coisas que eu estava sentindo, ou coisas das quais eu estava tentando fugir desta realidade bem dura que está acontecendo – comenta ele, acrescentando que a maior parte das canções do disco foram criadas neste atípico 2020.
Moment in Paradise é o 14º álbum solo de Fritsch, que também possui trajetória sólida ao lado da banda Apocalypse, expoente gaúcho do rock progressivo. O trabalho é resultado de uma imersão bem particular do tecladista por vertentes do jazz, algo que ele não havia explorado com tanta intensidade até então.
– É o primeiro disco meu que tem muito essa influência do jazz, numa harmonia mais contemporânea. É um recurso que usei para expressar alguma coisa que não consegui expressar de outra maneira (risos). O jazz, com esse virtuosismo e improvisos, foi uma maneira que encontrei de continuar sendo criativo – contextualiza Fritsch.
O trabalho nasceu de horas e horas de experimentações no estúdio caseiro que Fritsch possui – ele mora em Porto Alegre, onde atua como professor de música da UFRGS. O artista conta que, durante o momento de distanciamento social, acabou levando seus instrumentos e equipamentos de som para a sala de casa, dividindo espaço com o resto da família. Foi uma maneira de tornar o processo criativo menos isolado, apesar da pandemia.
– Existe um afeto, bem importante para a gente cultivar e construir este ambiente que, sem dúvida, passa como expressão artística na música – diz.
A representação de Fritsch ainda garoto na capa de Moment in Paradise também busca relação com uma homenagem presente no disco. A faixa Silver Dream é dedicada ao tecladista Keith Emerson, do grupo inglês Emerson, Lake & Palmer, que faleceu em 2016 e é uma das referências musicais mais antigas do caxiense.
– Isso vem lá da minha infância, quando a gente era guri e se reunia para ouvir os discos do Emerson, Lake & Palmer, do Queen, e de outras bandas. Acho que é natural que eu continue buscando um pouco das minhas fontes de inspiração para ser artista – justifica.
O álbum Moment in Paradise pode ser acessado nas plataformas digitais. Para quando a pandemia der trégua, Fritsch planeja realizar alguns shows de lançamento no formato orgânico de teclado, baixo e bateria.
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