Do que tu sentes falta? O período de quarentena forçado pela pandemia global nos mostrou que não é de dinheiro, não é de viagens, nem é de festas. Nossa necessidade primordial, como permitem perceber os 54 depoimentos a seguir, é o afeto. Basta ver, por exemplo, a recorrência da palavra abraçar, utilizada mais de 30 vezes pelas pessoas convidadas a responder: "qual a primeira coisa que tu irás fazer após o isolamento?"
O coronavírus nos jogou na cara a necessidade de sermos mais preocupados com o próximo, seja este um familiar querido, um vizinho ou um colega de trabalho. Nunca sentimos tanta falta de ter o contato com aqueles que amamos. Basta considerar que mesmo nos velórios as despedidas costumam ser marcadas por um último toque, um afago derradeiro na face que estamos nos despedindo. Jamais nos imaginaríamos tão táteis quanto nos descobrimos nas últimas semana.
Também urge em nós a vontade de sermos mais coletivos. Seja na aglomeração de um show ou de um jogo de futebol, num jantar com os amigos ou fazendo o bem a quem mais necessita _ e que bom será se despertarmos para essa urgência e não voltarmos a adormecer. A ameaça do Coronavírus ainda está distante de nos deixar retomar a normalidade de nossas vidas. Além de cuidarmos da saúde e do equilíbrio emocional, cabe a nós nesse momento acalentar nossas esperanças. Olhar para os nossos desejos mais profundos, afinal, também é descobrir pelo que vivemos.
"Arrumar um palco, voltar para o palco, tocar para as pessoas. Não importa se é um show que foi suspenso ou se tem que cavoucar um lugar para tocar. Mas é tocar para gente e ver a reação em tempo real. Estar no palco é a gasolina para a própria vida".
Tomás Savaris, violonista da banda Yangos.
"Quero praticar uma aula de ioga presencial e abraçar e beijar todinhos meus amigos e amigas que vejo apenas virtualmente numa grande energia de alegria".
Juliana Pandolfo, da Tum Tum Produtora
"Quero convidar do palhaço ao b.boy, do grafiteiro ao gaiteiro. E fazer umas atividade simples ns becos do Reolon e do Beltrão de Queiróz, a zona oeste querida. Uma muvuca cultural com vários segmentos fazendo convites através dos amigos que a gente tem, com uma estrutura bem simples, mas para fazer a quebrada voltar a sorrir".
Chiquinho Divilas, MC e produtor cultural
"Quando acabar o isolamento social, vou visitar os familiares. Estamos só eu, minha esposa e minha filha. Então, os outros estão mais afastados, mesmo os que residem na cidade, porque não podemos visitar."
Gabriel Citton, Secretário de Esporte e Lazer de Caxias do Sul
"Voltar ao meu singelo e extraordinário cotidiano. A falta está no mais trivial. Como estar junto com amigos e familiares, poder abraçar, conversar de perto, com roda de chimarrão, rindo alto, agradecendo por estarmos vivos."
Anelise de Santis Cortes, professora da rede municipal de ensino em Caxias do Sul
Reunir as pessoas que eu mais amo para irmos em algum lugar especial juntos!"
Rafa Grolli, Influencer responsável pelo @ficadicacaxias
"Visitar meus amigos que estão no grupo de risco ou vivem com pessoas mais velhas em suas casas. Poder subir a Serra do Rio e rever quem mora lá. Receber as pessoas na minha casa, no bar!"
Toyo Bagoso, empresário
"Focar naquilo que me fortalece, lembrar de não perder tempo pra falar que amo, sorrir mais, não dar bola pra críticas cibernéticas."
Jefferson Hoffmann, cabelereiro e maquiador
"Quero poder abraçar outra vez. Abraçar meus pais, meus amigos, meus alunos. Abraçar e dizer, senti muito a tua falta."
Adriana Antunes, escritora
"Praticar uma relação mais contemplativa, mais respeitosa, e mais recorrente com o espaço público".
Tiago Fiamenghi, designer
"Acho que o que mais eu gostaria de fazer como primeira coisa é dar um abraço de feliz aniversário na minha mãe que completou 87 anos no final de março e que por precaução não fiz até agora. Essa quarentena está nos mostrando como são importantes as pessoas que nos rodeiam e estamos reaprendendo a valorizar o estar perto, o convívio fora do mundo virtual".
Manfredo Schmiedt
"A primeira coisa que eu vou fazer é abraçar minha mãe, minha filha e meu irmão. Estou louca de saudades porque estou sozinha em casa e eles estão na casa do meu irmão. Estou louca para sair disso e abraçar minha família."
Alexandra Faccio, a Teca, que alegra os caxienses com as mensagens que espalha pela cidade
"Vou tomar um café com a minha amada mãe e depois vou ao Jaconi matar a saudade da minha segunda casa."
Rafa Gubert, músico
"Abraçar intensamente meus pais , meus avós e meu afilhadinho João Augusto que tenho visto apenas por chamada de vídeo, para matar um pouquinho da saudade. Ficar com as pessoas que eu amo, e que tive que me afastar agora porque quero por muito tempo ainda pertinho de mim."
Maiara Perottoni, rainha da Festa da Uva 2019
"Reunir a minha família (marido, filhos, pais, irmãos, cunhadas e cunhados) e participar de uma missa, celebrar e comungar. Celebrar a vida, o dom de a gente poder ter passado por essa quarentena e ter mudado tanto os nossos corações"
Sandra Mioranzza Randon, presidente da Festa da Uva 2021
"A primeira coisa que quero fazer é abraçar! Abraçar meus filhos, amigos e pacientes".
Fernanda Grossi - Ginecologista e obstetra
"Eu vou passear com a minha cachorrinha, ir no parquinho, brincar, ir na rua correr, ir na minha dinda e ir em qualquer lugar que eu quiser."
Eduarda Leite Ferraz, 4 anos
"Vou visitar meus amigos"
Larissa Ribeiro Zanin, 6 anos
"Vou ir para escola, falar com meus colegas, brincar e ver minha profe."
Ana Carolina Bragagnolo, 8 anos
"Abrir a escolinha e matar as saudades da crianças porque só de ver as fotos e vídeos dos alunos a saudade aumenta. Abraçar minhas fofuras, beijar muito e também matar a saudades dos amigos e de quem amamos muito"
Natália Peretti, coordenadora pedagógica
"Vou me dedicar a um momento de reflexão e introspecção. Quero fazer os Caminhos de Caravaggio, de Canela a Farroupilha, pensando sobre o assunto, avaliando todo este momento, entendendo que a sociedade pode ser melhor se todos nós formos melhores"
Claiton Gonçalves, prefeito de Farroupilha
"Juntamente com a guarnição, ter uma maior vinculação com os moradores, comerciantes, escolas, UBS e outras unidades, podendo conversar com aproximação e quebrando tabus existentes sobre o policiamento"
Soldado Larissa Batista, da BM de Caxias do Sul
"A primeira coisa que quero fazer é abraçar! Abraçar meus filhos, amigos e pacientes. Sinto falta do abraço."
Fernanda Grossi, Ginecologista e obstetra
"Reunir a família, confraternizar com os colaboradores da minha empresa Samburá e um almoço com os funcionários da CIC".
Ivanir Gasparin, presidente da CIC de Caxias do Sul
"Quando o isolamento social acabar quero retornar as minhas atividades como professor da Universidade de Caxias do Sul, poder voltar a cozinhar junto com os meus alunos e abraçar cada um deles".
Charlie Tecchio, professor da Escola de Gastronomia da Universidade de Caxias do Sul (UCS)
"Abrir o portão e sair andando a pé, sem pressa até a Tem Gente Teatrando. Abrir as portas e janelas, passar um café e olhar calmamente o jardim. Certamente chorar de emoção. Esperar as pessoas chegarem e abraçar muito".
Zica Stockmans, diretora da escola Tem Gente Teatrando
"Organizar um evento com familiares e amigos para podermos nos abraçar novamente e brindar o aprendizado dessa paralisação mundial"
Walter Dal Zotto Jr, presidente do Juventude
"Um domingo em família, com almoço, e após vivenciar com toda a torcida grená uma vitória no nosso estádio Centenário"
Paulo Cesar Santos, presidente do Caxias
"Continuar trabalhando, retomar os assuntos da prefeitura que ficaram pendentes em virtude do coronavírus."
Flávio Cassina, Prefeito de Caxias
"As atividades que mais fazem falta são os encontros com amigos, eventos em comunidades, rodeios."
Presidente da Câmara de Vereadores de Caxias, Ricardo Daneluz
"Ir ao restaurante com a esposa."
Secretário da Saúde de Caxias, Jorge Olavo Hahn Castro
"Retomar a visita aos padres nas paróquias que ainda não visitei, aos religiosos que estão nas casas de repouso e outras instituições que prestam esse serviço na sociedade"
Dom José Gislon, Bispo Da Diocese de Caxias do Sul
"Fazer um encontrão do abraço na Praça Dante e abraçar todo mundo como se não houvesse amanhã."
Lídia Ribeiro, da Level
Espalhar e receber afeto com família e amigos. A primeira coisa séria abraçar e beijar minha mãe e passearmos no centro, olhando o movimento, conversar com as pessoas e tomar um café em um dos nosso espaços preferidos celebrando a vida.
Vanessa Kukul, da Escola Caxias Criativa
"Além de trabalhar sem restrições vou organizar um jantar da família".
Deputado estadual Pepe Vargas (PT)
"Eu sempre passo a Páscoa com minha mãe, que mora no interior de São José dos Ausentes. Estou muito preocupado com ela. Por isso, logo que o isolamento acabar, irei visitá-la."
Deputado estadual Carlos Búrigo (MDB)
"Quero acordar, colocar minha roupa, ir até a loja e vê-la aberta, com funcionários e clientes. Esse é meu primeiro desejo: ver o pessoal sem medo, o movimento voltando a acontecer, uma volta para a vida, com otimismo."
Thiago Dal Pizzol, diretor comercial da Bris
"A primeira coisa que quero fazer é ver e abraçar a minha mãe, com quem não tenho contato há um mês e meio."
Andrea Dal Bó, médica infectologia e diretora das vigilâncias em Saúde de Caxias
"Voltar à rotina de trabalho: visitar os bairros, dar um aperto de mão e abraçar os amigos na rua. Atender as pessoas no escritório regional em Caxias do Sul, no gabinete em Porto Alegre".
Deputado estadual Neri, O Carteiro (Solidariedade)
"Agradecer todos nossos presidentes, que estão se virando e ajudando quem está com necessidade neste momento"
Valdir Walter, da UAB
"Receber um abraço e dar um das pessoas que mais amo"
Lídia Pivotto, aposentada
"Abraçar, beijar e receber um colo da mãezinha que não vejo há mais de um mês"
Ida Pessin, bancária
"Apesar da saudade dos amigos, dos jogos do Caxias e de sair pra comer como se não houvesse amanhã, a primeira coisa que eu pretendo fazer quando puder sair da quarentena é ir visitar meus avós maternos que estão no grupo de risco, compartilhar um chimarrão e abraçá-los muito."
Franciele Fabro - assistente administrativo
"Eu quero ver as pessoas que eu amo, voltar para minha rotina, trabalhar bastante e acho que temos que, apesar de tudo, tirar as melhores lições disso, valorizar os sentimentos que foram confinados nesse meio tempo."
Guilherme Rossetti - chefe de cozinha
"Quero investir em novas ideias de trabalho e faculdade. Acho que é um momento para repensarmos nossas próprias metas e, com isso, perceber que também precisamos de muita gente ao nosso redor."
Karine Zanardi, estudante de Jornalismo
"Vou saudar a todos com a intensidade de quem sempre acreditou que tudo iria dar certo. Vou reunir os coordenadores dos 20 projetos do Mão Amiga e abraçá-los com profunda gratidão, por tudo o que eles fizeram, durante a pandemia, pelos mais vulneráveis. Vou também reunir voluntários, amigos e vizinhos para abraçar o prédio do antigo INSS e dar início às obras de reformas."
Frei Jaime Betega
"Vou ligar a "la Fontana" novamente, fazer o vinho voltar a jorrar em praça pública. Com isso, reativar os laços comunitários, reunir nosso Povo, reaproximar nossa gente. Festejar a vida e a família."
Guilherme Pasin, prefeito de Bento Gonçalves
"Visitar minha mãe no interior de Flores da Cunha"
Lídio Scortegagna, prefeito de Flores da Cunha
"Desde o início do recesso social, fechei a casa e me mudei para ficar ao lado da minha mãe, Leda, que está com 90 anos. Ao fim de toda esta pandemia, quero abraçá-la com todo o afeto que ela sempre mereceu"
João Pulita, colunista social
"Vou dar uma volta pela cidade para ver como estão as coisas e as pessoas"
Maneco, livreiro
"Mais do que nunca, estou ressignificando os abraços. Assim que possível, quero abraçar meus pais, amigos e leitores _ e, se possível, fazer um encontro com todos"
Pedro Guerra, escritor
"Meu desejo é simples: sair para tomar um café com amigos para comemorar o fim do pesadelo. Voltar ao convívio não tem preço"
Delcio Agliardi, patrono da 35ª Feira do Livro de Caxias do Sul
"Existe a necessidade de retornar a rotina, mas desejo abraçar meu familiares, levar meu filho até eles, especialmente seus avós e, além disso, organizar um churrasco e um bate bola (basquete) com os amigos."
Tiago Frank, professor de Educação Física
"Cumprimentar e abraçar as pessoas, meus familiares, amigos e colegas da Randon. Teremos inúmeras mudanças de hábitos, e estamos vendo que conseguimos fazer muito mais por meio da presença virtual, o que contribui para a saúde, para o meio ambiente e para a produtividade."
Daniel Randon - CEO das Empresas Randon
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