A primeira edição da Battle in the Cypher, realizada há uma década, surgiu amparada numa intenção muito clara: celebrar o universo do hip hop em Bento Gonçalves. Nesta semana, a iniciativa chega a décima edição com formato não mais embrionário, mas firmando uma nobre conquista de espaço. O festival já se consolidou como uma das mais importantes atrações no calendário anual de eventos culturais da cidade e é destino para amantes da cultura hip hop de vários lugares do Brasil e da América Latina. Conquistas que também ajudaram a moldar uma visão positiva sobre o hip hop mesmo entre as pessoas que não possuem proximidade com ele.
– Há 10 anos, existia hip hop na cidade, existia um potencial. Hoje, vejo que o estilo é melhor visto pelos moradores, é mais reconhecido pelo município. O festival foi um facilitador no acesso das pessoas ao estilo, além de ter colocado Bento no mapa do hip hop no Brasil – revela Pedro Festa que, junto com o colega William Sarate Ballestrin e integrantes do coletivo Nest Panos, organiza o Battle.
A dança é o carro-chefe do festival desde a origem, e foram muitas conquistas também nessa área. Entre elas, a realização de batalhas na programação do Bento em Dança e a realização de pré-edições qualificatórias em lugares como Mato Grosso do Sul, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Uruguai, Argentina e Paraguai. Com o tempo, os demais elementos do hip hop (grafite, MC e DJ) também foram conquistando mais espaço na programação. Hoje, poder balancear cada um desses elementos em diferentes ações se tornou um diferencial do Battle in the Cypher.
– É um festival que referencia o hip hop como um topo, as pessoas vêm para cá justamente por causa desse formato, que coloca em harmonia o protagonismo de todos os elementos – diz Pedrinho, como é conhecido.
A programação do festival teve início ontem e segue até domingo, com atividades em sua maioria gratuitas. Uma das novidades desse ano será a primeira edição da batalha Do Livro ao Rap, contemplada no Fundo Municipal de Cultura de Bento e que deve gerar diversos encontros até o fim do ano. A ideia se empodera do caráter educativo do rap. Funciona assim: os participantes terão que rimar a partir de trechos retirados dos livros Quarto de Despejo (Carolina de Jesus), Pai Contra Mãe (conto de Machado de Assis) e Thaíde: 30 anos Mandando a Letra (do rapper Thaíde). As obras foram distribuídas em bibliotecas da cidade.
– Ao invés de um participante atacar o outro, como é mais comum, eles vão rimar sobre conhecimento – explica o organizador sobre a batalha que vai rolar neste sábado, às 18h30min, na Dom Quixote Livraria e Cafeteria.
Um dos jurados dessa batalha é o MC Marcello Gugu, uma das principais atrações da programação. O paulista também ministra bate-papo nesta quinta, às 16h, no Sesc de Bento. Conhecido por ter idealizado a tradicional Batalha do Santa Cruz (que revelou Emicida), o rapper vai falar sobre o Infinity Class, projeto no qual defende uma redefinição da história sob a ótica do hip hop. Totalmente em sintonia com o tema desta edição comemorativa do Battle: acreditando na batalha.
– Elegemos essa frase que faz referência a uma música do Da Guedes porque acreditamos na batalha de manter o hip hop vivo, de manter a chama acesa, pensando sempre naquela pessoa que viaja de ônibus do norte do país até Bento para consumir cultura hip hop – justifica Pedrinho.
Veja a programação do festival:
:: Dia 16: Sessão de cinema com debate, no Sesc, às 19h.
:: Dia 17: Mostra aberta de Rap, Dança e Batalhas Shows, na Praça Vico Barbieri, às 17h.
:: Dia 18: Palestra Infinity com Marcello Gugu, no Sesc, às 16h; e Vernissage Expo Banks de Jaquetas Customizadas, na Fundação Casa Das Artes, às 19h.
:: Dia 19: Workshops na Fundação Casa Das Artes, às 14h; e Festa Hasta La Cypher, no DJ Music Bar, às 23h.
:: Dia 20: Workshops na Fundação Casa Das Artes, às 14h; batalha Do Livro ao Rap, na Dom Quixote Livraria, às 16h; e happy hour com batalha de Footwork, às 19h.
:: Dia 21: Finais das batalhas na Fundação Casa Das Artes, às 14h.
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