Conforme Guilherme Afonso, o cenário de áudio drama ainda é pequeno no Brasil.
— Não é incomum eu receber mensagem do tipo: "Nossa, não sabia que podcast podia ser assim". É pouco comparado com toda a gama que tem hoje em dia. Áudio drama no Brasil ainda é um embrião, mas tenho fé que isso vai continuar. Está expandindo. Tem pessoas me procurando para falar sobre áudio drama, que querem fazer também — diz o produtor.
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Para Vitor, o cenário é diverso:
— Tem muita gente experimentando, alguns aprendendo com os erros, outros se mantendo no mesmo nível por não terem interesse em desenvolver algo mais refinado. Mas graças a Deus é uma minoria.
Segundo ele, um dos erros comuns na produção brasileira é a falta de ritmo.
— Muita gente faz um texto com narração lenta, muito explicativa, como longas pausas para inserir os efeitos. Tudo isso pode acontecer em concomitância, dando protagonismo de volume para o que realmente importa — analisa.
Luiz Henrique Romagnoli é produtor independente e presidente da Associação das Produtoras Independentes de Rádio e outros conteúdos de áudio (APRAIA) e tem experiência na realização de dramatizações radiofônicas para campanhas publicitárias. De acordo com Romagnoli, o áudio drama e a radionovela são uma saída que as emissoras de rádio deveriam prestar muita atenção:
— Acho que a dramaturgia ainda vai ser uma forma das rádios reforçarem sua presença junto ao público. Espaço tem, o público gosta. As pessoas para quem apresento trechos de radionovelas sempre comentam que adorariam ouvir mais. Áudio drama não precisa ser radionovela, pode ser documentário, dramatização de fatos históricos, enfim, é uma área que está completamente virgem, apesar de ser muito antiga no Brasil.
Do áudio para o vídeo
Nos Estados Unidos, a produção de áudio drama é mais consolidada. Tanto que há casos de histórias radiofônicas que estão se tornando visuais. Um exemplo é Lore, áudio drama americano que aborda eventos sombrios que inspiraram ou foram motivados por histórias do folclore mundial. A produção virou série da Amazon Prime Video e já conta com duas temporadas.
Estrelada por Julia Roberts, Homecoming é outra atração da Amazon adaptada de um podcast criado por Eli Horowitz e Micah Bloomberg. Na série, Julia interpreta Heidi Bergman, uma assistente social que trabalha em um programa que acolhe veteranos de guerra, assim que eles retornam das zonas de conflito.
Welcome to The Night Vale, áudio drama criado por Joseph Fink e Jeffrey Cranor, está sendo adaptado para a FX. Na atração, um programa de rádio narra acontecimentos estranhos do povoado fictício de Night Vale.
Além do áudio drama, um dos maiores sucessos da história do podcast, a série documental Serial, que aborda a investigação de um assassinato, se transformou na docusérie The Case Against Adnan Syed, pela HBO.
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